Alice de França
- Alice de França, quer me explicar o porquê de você ter chegado só agora quando era pra estar aqui a pelo menos uma hora?
- Não quero não.
- Ah, mas você quer sim. Você vai me explicar e é agora.
- Eu quase matei um homem no caminho.
- VOCÊ O QUÊ? MEU DEUS, ALICE. - gritou para o hospital inteiro ouvir.
- Fala um pouco mais alto, acho que os ratos do esgoto não conseguiram ouvir. - ironizo.
- Fiquei nervosa. Me dê um desconto. - fala ofegante.
- Não precisa ficar nervosa, não aconteceu nada demais - tento acalma-la.
- Você acaba de dizer que quase matou um homem e não quer que eu fique nervosa? Tá de brincadeira, né?!
- Exatamente, eu quase matei um homem, Pam. Não matei de verdade. Pode respirar tranquila.
- Preciso de um tempo, calma. - talvez a Pamela seja um pouco exagerada - Inspira e expira, inspira e expira.
- Tá. Estou acalmando, pode ir me explicando essa história direitinho - decreta.
- Eu vim dirigindo.
- Tá explicado! - olho feio para ela - Tá bom, não está mais aqui quem falou, continue.
- As corridas que eu pedi foram todas canceladas e eu não poderia me dar o luxo de ficar tentando a manhã toda, então decidi eu mesma me trazer. Afinal, eu tenho um carro é para usar. - apesar de eu não saber usar muito bem, mesmo tendo habilitação para dirigir.
- E como exatamente você quase matou um homem?
- Eu peguei um atalho. Pela rua principal ia demorar e eu já estava atrasada por conta das corridas canceladas.
- Mas um atalho não ia fazer você quase matar um homem. Repito: matar um homem.
- Olha, se você me deixar explicar, você vai entender que não foi por causa do atalho exatamente. - falei já sem paciência.
- Oh, desculpe! Pode falar.
- Eu entrei na rua de vez, sem dar nenhum sinal. Vinha um carro na pista, e por pouco não me acertou. O motorista foi bem ágil e puxou o carro para a outra faixa. Ele se salvou e de quebra, me salvou também.
- Você é uma grande idiota que adora aumentar as coisas. Você quase me fez ter uma parada cardíaca só por isso? POR NÃO DAR SINAL? - exagerada, não falei?
- Aumentar as coisas? Eu não tô aumentado nada, ele poderia ter morrido mesmo. - me defendo.
- Mas você nem bateu nele.
- Mas poderia ter batido.
- Mas não bateu.
A encaro.
Nós estamos paradas no meio do corredor que liga a recepção e a sala de espera, discutindo sobre o fato de eu poder ter batido ou não no cara.
- Você é estranha! - falo para a Pam.
- Você que é! "Quase matei um homem", ah por favor, né?
- Não vou mais discutir isso.
- Que bom, porque não bateu.
- Isso não interessa mais, realmente, o pior não aconteceu.
- Tem razão. Mas fala aí, ele deve ter ficado furioso.
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Nocaute - Docshoes
FanfictionNa luta entre o medo e o coração, ele só tem duas opções: esconder-se atrás dos seus receios, ou lutar e viver a mais bela história de amor que já se ouviu falar. A pergunta que fica, é: Qual delas ele irá escolher? . . . . História inspirada em Am...