Capítulo 16

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Júnior Barbosa

Faltando apenas algumas semanas para a minha luta, eu tô ficando maluco com a espera. Parece que essa é a primeira vez que eu vou entrar no cage, acho que é porque é a primeira luta depois da minha lesão no joelho. Estou me dedicando tanto, não posso falhar. Eu não quero ter que lutar mais duas lutas para entrar na MMA Champions League, porque é o que vai acontecer se eu perder essa luta. Preciso ganhar logo essa e assim garantir minha entrada na competição.

Esses últimos dias foram corridos, meus treinos se intensificaram, passando a ser três vezes por dia, além das fisioterapias e relaxamentos musculares, tudo isso com foco na minha preparação e recuperação total.

Eu gosto da minha vida assim, não tenho do que reclamar. Apenas uma coisa me incomodou nisso tudo, diminuir meu contato com Alice.

Nós conversamos por mensagem sempre que podemos, mas não é a mesma coisa de poder olhar nos seus olhos e ouvir sua voz. Ela também anda bem ocupada, disse que precisa organizar muita coisa antes de ter que sair. Não entendi muito bem o que ela quis dizer com "antes de sair", mas não deve ser grande coisa.

Aproveitando que já estou em casa e que não tenho mais nenhum treino, visto que já são 20h:00 da noite, decido ligar para Alice, acredito que ela também já está em casa. Espero que acordada.

Quando o celular chama pela terceira vez, desligo. Não sei em que planeta ligar para ela é melhor que ir até ela, pensando nisso, pego a chave do volvo decidido a ir até sua casa.

Uma ideia brilhante, eu sei!

No meio do caminho meu celular toca e vejo o nome de Alice na tela, deixo tocar, quero fazer uma surpresa.

Em todo esse tempo de amizade - sim, agora somos oficialmente amigos, nada além... - conheci muitos gostos de Alice, e um deles é que ela adora sushi. Por isso, paro em um restaurante japonês que fica em direção de sua casa, e peço uma barca com umaraki, hot roll, joe e temaki que são os seus preferidos.

Novamente no carro, outro toque informa que Alice está me ligando outra vez, deixo tocar de novo sabendo que ela vai querer me matar por isso. Mas é por uma boa causa.

Após mais alguns minutos, me encontro parado na portaria do seu prédio pronto para subir. O porteiro libera minha entrada sem precisar interfonar para seu apartamento, já tenho meu nome na lista de pessoas que podem subir direito.

Privilégio de ter uma amizade sincera.

Bato na porta e segundos depois ouço o clique da fechadura se abrindo. Minha surpresa é tanta ao vê-la com um negócio verde cobrindo todo o seu rosto.

- Tá fantasiada de Fiona, por quê? - pergunto a provocando.

- Não interessa, tá fazendo o que aqui?

- Boa noite, Alice! Estou muito bem, você?

- Hahaha! Muito engraçado. - disse revirando os olhos.

- Posso entrar ou vai me deixar aqui fora mesmo?

- Vou deixar você aí. Você me chamou de Fiona. - aproveitei que estava com o celular na mão e fotografei aquele momento. Alice estava de braços cruzados e fazendo um bico fofo.

- Ei, pode apagar.

- De jeito nenhum. Esse vai ser meu novo papel de parede.

- Você não seria capaz.

- Claro que seria.

Alice ameaçou avançar em mim para tomar o celular de minha mão, mas parou no mesmo instante quando se deu conta do que eu trazia em mãos, além do celular.

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