Capítulo 9

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Júnior Barbosa

Eu achei que ela não iria aceitar, até me deu um nervoso na hora que ela disse que aceitaria ir comigo.

Não a conheço o suficiente, mas é como falei, sei pelo menos o nome dela, já é um começo.

- Onde é? - pergunto.

- Oi??

- Onde é sua casa?

- Ahh... Desculpa, estava distraída.

- Hum. Você anda bem distraída essa noite, não é? - questiono a lembrando de quando ela também ficou dispersa enquanto estávamos lá dentro.

- A vida corrida. Sabe como é, né? Muita coisa na cabeça.

- Sei bem como é. - e eu realmente sei, minha cabeça também está cheia esses dias - mas então, onde é sua casa? - pergunto novamente e ela, no mesmo segundo, me passa o endereço.

A levo em direção ao meu carro e abro a porta para que ela possa entrar. E, isso não é para, de alguma forma, me mostrar demais para ela, é que eu fui ensinado assim.

Abrir a porta do carro, levar as sacolas, andar do lado de fora da calçada, essas coisas...

Um ótimo partido! Sorte da mulher que me conquiste, porque eu sou nada menos que incrível.

Já na estrada, o silêncio entre nós se faz presente, mas ao contrário do que possa parecer, não é constrangedor, é agradável.

A presença dela é agradável!

Mas, apesar disso, eu quebro o silêncio que se instalou. Eu gosto de ouvir ela falar.

- Alice - ela olha em minha direção - posso te fazer uma pergunta?

- Pode, mas não prometo responder. Olha lá em... - ela sorri.

- Por que médica?

- Porque eu amo cuidar de pessoas. E saber que posso ajudar curar onde dói, é encantador.

- E por que UTI se é um lugar onde a situação das pessoas é tão crítica?

- Eu acho uma área fantástica! Uma área que, eu até me emociono falando, porque você pega uma pessoa que não queria estar ali, está mal... e você vê ela se recuperando. É fantástico! - ela dá uma pausa - Então, eu acho que é uma das áreas mais fascinantes da medicina. Eu gosto de muitas áreas da medicina, mas a UTI, para mim, tem um brilhinho bem especial porque é onde, às vezes, a pessoa renasce. Vejo pessoas, por exemplo, voltando a andar, voltando a falar, voltando a comer, e aí você começa a perceber que você não precisa de grandes vitórias, você pode ter pequenas vitórias diariamente e que isso é fantástico. E, as pessoas começam a ver o que realmente é importante.

Eu acredito em tudo que ela fala.

O brilho nos olhos e o pequeno sorriso no rosto só confirmam que é verdade.

Eu já imaginava que ela fosse uma ótima pessoa. Mas só "ótima" não faz jus a pessoa que ela demonstra ser. Ela é maravilhosa, uma mulher incrível. E eu tenho certeza que todas as pessoas que tiveram a sorte de passar pelas mãos cuidadosas dela, sentiram-se amadas e serão, eternamente, gratas por tanto zelo e gentileza.

- Por que você está olhando para mim com esse olhar? - ela pergunta me tirando dos meus devaneios.

- Que olhar? - indago.

- Esse olhar de quem está admirado.

- É porque é exatamente esse o sentimento que estou tendo por você agora. Admiração. Pura, forte e sincera admiração.

Nocaute - Docshoes Onde histórias criam vida. Descubra agora