Capítulo 24

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Alice de França

Júnior, finalmente, encerra seu momento Masterchef, e o cheiro que já estava bom, agora está incrível, mais que isso, na verdade.

- Não sabia dos seus dotes culinários. - falo enquanto preparo a mesa.

- Tem muita coisa sobre mim que você não sabe - olhei para ele com uma sobrancelha arqueada - mas que eu faço questão de contar cada detalhe. - Sorri com sua promessa, senti que era verdade.

- Também quero te contar muito mais sobre mim. - Pisquei em sua direção.

- E eu quero ouvir tudo, mas agora você precisa se alimentar, fique aqui quietinha que eu vou buscar a travessa.

Eu fiz exatamente o que ele pediu, sentei-me à mesa e fiquei esperando feito uma criancinha ansiosa pela hora do "papá". Ri daquele pensamento e Júnior me pegou no flagra.

- Posso saber qual o motivo desse lindo sorriso?

- Não é nada demais, eu só estava pensado que estou parecendo uma criança esperando pela comida.

- Uma criança como você seria a coisa mais linda... - o ouvi falando algo, mas não entendi muito bem.

- O que você falou? Não entendi!

- Nada, só que você seria uma criança linda. - ele ri meio sem jeito. - Mas chega de papo, o prato mais delicioso do mundo chegou.

Sorri com a sua empolgação e seu jeito único.

Júnior serviu nossos pratos e nós demos início ao nosso almoço regado a conversa e boas risadas. Após terminarmos, me ofereci para o ajudar a organizar a cozinha, uma vez que, ele já tinha preparado tudo sozinho, mas mais uma vez ele não deixou.

- Linda, eu já disse que não precisa. Você pode ir descansar agora.

- Mas eu quero te ajudar. - falei fazendo bico.

- Não faça esse bico pra mim, posso não resistir aos seus encantos. - ele sorri ladino.

- Esse é o plano. - devolvi o sorriso.

- Espertinha! Mas não me convenceu, pode subir, daqui a pouco eu irei lhe fazer companhia.

- Tem certeza? - insisto um pouco mais.

- Absoluta!

- Então, tá. Qualquer coisa, me chama que eu logo desço, ok? - falei me aproximando.

- Pode deixar! - Júnior beijou o topo da minha cabeça e eu subi em direção ao seu quarto.

Eu, realmente, estava cansada, mas com nenhuma vontade de dormir, por isso decidi passar o tempo olhando os detalhes do seu quarto. Era lindo! Imprimia toda sua personalidade, nada muito exagerado, tinha um estilo rústico e minimalista. A suíte era um encanto e seu closet digno de aplausos, fiquei com vergonha só de imaginar ele entrando no meu e se deparando com toda aquela bagunça. O dele não era tão grande mas tinha espaço sufiente para eu me sentir a vontade. Passei os dedos sob uma espécie de balcão que tinha no centro, onde tinha pequenas gavetas com vários relógios, óculos de sol, gravatas e abotoaduras - todos combinavam tão bem com ele.

Admirei mais um pouco e depois fui em direção às suas camisas penduradas, todas tinham o cheiro que eu amava. O seu cheiro. Abri algumas gavetas e na terceira, algo me chamou atenção. Era um papel todo rabiscado e que parece ter sido amassado por completo. Tentei ignorar, mas foi mais forte que eu. É horrível, eu sei, mas não resisti, principalmente porque vi meu nome em uma das linhas.

Peguei o papel e sentei na poltrona confortável que ficava perto do grande espelho do closet, dei uma longa respirada e comecei a ler o que estava escrito, a cada linha meu peito apertava mais, eu não deveria ter lido isso, não deveria sequer tem entrado nesse closet.

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