Capítulo 15

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Alice de França

Depois de um dia bem movimentado no hospital, e de um trânsito que me deixou a um segundo de colapsar, estou banhada e pronta para arrasar deitada em minha cama bem enrroladinha.

Ou pelo menos foi isso que eu pensei.

Meu celular tocou informando que havia chegado uma mensagem no email. Isso mesmo, tenho toques diferentes para email e whatsapp. Atrapalhada como sou, era capaz de deixar tudo passar despercebido. E isso está fora de cogitação, porque tudo de importante está nessas duas plataformas.

Vejo quem mandou e me animo, já estava passando da hora de me mandarem alguma coisa.

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"Boa noite, Dr. Alice!

Perdoe-nos a demora. Estávamos preparando toda a questão contratual antes de entrarmos em contato (segue o anexo do contrato). Analisamos as possibilidades, e decidimos que o melhor momento para que você passe a compor a equipe, de forma efetiva, é daqui a menos de um mês e quinze dias. Mas, não se preocupe com isso, uma semana antes da sua viagem, enviaremos as passagens com tudo organizado. Pedimos, por favor, que envie os dados necessários para que a compra seja realizada.
Qualquer dúvida, entre em contato.

Att. Equipe Brown."

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Parece que a coisa está ficando realmente séria agora. Isso me preocupa um pouco, mas é tarde demais para arrependimentos. E na verdade, eu quero muito viver essa nova experiência.

Decido enviar logo tudo que me foi solicitado, inclusive o passaporte, antes que a correria dos meus dias me faça esquecer.

...

Eu que já estava pronta para dormir, agora estou aqui acabando de devorar uma barca de sushi e criando coragem para ligar para os meus pais, e finalmente contar a novidade. Meus pais sempre me apoiaram e respeitaram minhas decisões, tenho certeza que ficarão tão empolgados quanto eu quando souberem, mas não é todo dia que sua filha mais nova muda de país.

Por fim, tomo coragem e ligo, por chamada de vídeo, para o celular da minha mãe.

- Oi filha, quanto tempo não me liga em?... - minha mãe sempre exagerada, eu falei com ela hoje antes de sair de casa.

- Nem vem dona Regiane. Aquele áudio de bom dia que enviei para senhora hoje pela manhã foi o quê?

- Isso mesmo que você falou, um áudio. Não uma ligação.

- É, a senhora tem um ponto. Cadê o meu pai?

- Seu pai deu uma saidinha com o Lucas, foram comprar algo para comermos, hoje é a noite do filme.

Nesse momento, uma onda de nostalgia invade meu peito. Nós sempre tivemos a noite do filme, toda semana tínhamos uma noite específica para isso. Era tão bom. Que saudade!

- Nós ainda teremos muitas outras noites de filme, filha. E você vai participar também. Não fique triste.

- Como a senhora sabe que eu estou triste?

- Você é minha filha querida. Eu conheço seu coração, e sei que a noite de filme é um dos seus programas favoritos em família.

Minha mãe é uma mulher impressionante. A melhor mãe que eu poderia ter. Durante toda minha infância e juventude, ela foi mestre em ler minhas emoções, sempre conseguia saber o que eu estava sentido. Parece que a distância e o fato de agora eu ser uma mulher adulta, não mudou isso. Ainda bem!

- A senhora tem razão, eu amava ter esse tempo com vocês. Estou com saudades.

- Também estamos, filha. Muita! Mas quem sabe você não vem nos visitar, de preferência com um bonitão do lado, em? - Minha mãe adora me provocar com esse assunto. Ela diz que eu trabalho demais, e que estou deixando de viver uma parte linda da vida. Não deixo de concordar.

Nocaute - Docshoes Onde histórias criam vida. Descubra agora