Capítulo 13 - parte 2

971 59 9
                                    

Júnior Barbosa

Estou paralisado, apenas a observando enquanto ela fala. Sua sensibilidade é algo que me confronta, nunca ninguém falou sobre mim dessa forma. Não sem me conhecer por um bom tempo.

Suas palavras são um afago na minha alma, meu coração se enche de alegria, e eu não consigo entender o porquê de ele estar a ponto de explodir. Essa é uma sensação nova, com a qual eu não estou acostumado, e isso me assusta.

Queria poder continuar a olhando, a escutando, a admirando em silêncio, mas o garçom se aproxima e faz com que, mesmo sem querer, eu transfira minha atenção - que antes era toda dela - para ele.

- Cardápio de sobremesa? - ele pergunta.

- Posso escolher o mesmo para nós dois? - Alice propõe.

- Claro! - dou carta branca para que ela escolha meu prato. Considerando que ela teve um bom gosto até aqui, desde a sandália nos pés até o perfume marcante, acho que vai ser uma ótima pedida.

- Zabaglione.

- Oi? - pergunto sem entender.

- A sobremesa - ela diz e sorri para mim - vai ser zabaglione a sobremesa.

- Pode anotar o pedido. - falo me dirigindo ao garçom e ele sai depois de fazer o que eu disse.

- Você não sabe o que um zabaglione?

- Nunca vi, nem comi algum.

- É um doce super levinho feito de gema, açúcar e vinho marsala.

- É muito tarde para se arrepender de ter deixado você escolher?

- Hahaha! Que engraçado. - ela diz e olha para mim com os olhinhos cerrados.

- Sobre o vinho eu não vou comentar, mas como algo feito com gema e açúcar pode ser considerado algo que se possa comer?

- Quando você provar, vai se arrepender de falar um absurdo desse. É uma delícia! E o nosso vai vir acompanhado de pedaços de morango e castanha.

- Então vamos ver se o morango e a castanha vão compensar a gema e o açúcar.

- Claro que vão. Eu tenho um gosto excelente para comida. Você vai ver. - disse e soltou uma piscadela.

Se esse gosto excelente fosse só para comida, eu não estaria tão ferrado. Será que essa mulher já se olhou no espelho hoje?

Saio dos meus devaneios com a voz do garçom preenchendo o lugar.

- Zabaglione com morango e castanha.

Agradecemos e ele sai nos deixando a sós novamente.

- Prova! - ela ordena.

- Só depois que você provar.

- Nada disso. Você vai provar e é agora!

- Pedindo tão delicamente não tem como eu recusar.

Olho para taça sobre a mesa e penso seriamente em sair correndo daqui. Será que ia ser muito esquisito? Rio comigo mesmo pensando na cena que seria.

- O que foi? - Alice quis saber.

- Nada importante.

- Então prove logo.

- Sim senhora.

Desisti da ideia ridícula de sair correndo - não que eu fosse de fato fazer isso - e botei a primeira colher daquela gemada com açúcar na boca.

1 segundo
2...
3...

Nocaute - Docshoes Onde histórias criam vida. Descubra agora