Capítulo 19

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Júnior Barbosa

"Oi linda, boa tarde! Espero que tenha chegado bem e que já tenha conseguido matar um pouco a saudade de sua família.
Sentirei sua falta todos os dias. Beijos!"

Aproveito minha pausa no treino e envio essa mensagem para Alice. Apesar de eu ter certeza que sentirei muito a sua falta, espero verdadeiramente que ela aproveite e tenha muita alegria durante esses dias.

Duas semanas é tempo demais sem poder contemplar a sua presença, a sensação é de que meus dias serão longos e vazios, o que me faz pensar que eu não estou pronto para partir, se duas semanas são demais, então como será quando eu voltar para Miami? Como será sem poder tocar a sua pele, sentir seu cheiro, estar ao seu lado?

Todas são perguntas sem respostas.

Eu, sinceramente, não sei definir o que estou sentindo, me assusta pensar que Alice invadiu todos os meus pensamentos. Começou sutilmente, pensava nela quando via algo que ela gostava... uma rosa, o céu azul e brilhante, um café; agora, em todos os momentos, não importa o que eu esteja fazendo, Alice está na minha cabeça. Eu tentei negar, atribuir outro significado para tudo isso, mas é inevitável, acho que estou me apaixonando. O que eu tanto temia agora começa a criar forma de uma maneira avassaladora - inevitavelmente sorrio - e chego a conclusão de que Alice se tornou dona de todos os meus pensamentos, porque se tornou também dona do meu coração.

- Pensando em quê Júnior? - a voz de Santos me tira dos meus devaneios.

- Nada importante - respondo com uma mentira, não quero esse idiota me enchendo a paciência.

- Almeida, chega aí. - Santos o convoca.

- Pela sua experiência na atividade "observar o Júnior", qual seu diagnóstico nesse caso?

- Bom - Almeida inicia com um sorrisinho sínico - quais os sintomas?

Eu não acredito que esses dois brutamontes estão fazendo isso.

- Pelo que eu pude perceber, olhar apaixonado, semblante de apaixonado e triste, e claro, sorriso apaixonado, doutor.

- O caso é sério mesmo, parece que estamos diante de paixonite aguda agravada por saudade ardente. Sabe me dizer o motivo que causou essa situação, senhor Júnior?

- Eu sei! O motivo é uma loira aspirante a velozes e furiosos. - Santos responde por mim.

- Em primeiro lugar, seu nome não é Júnior. E em segundo, vão se ferrar os dois. Já tenho problemas o suficiente para lidar, não preciso de vocês enchendo meu saco.

- É, parece que é sério mesmo. - Santos diz e eu o fuzilo com um olhar mortal. - Tudo bem, sem gracinha. - fala levantando as mão em desistência - mas agora é sério, algum problema? - pergunta sério e senta ao meu lado acompanhado de Almeida.

- Estou indo embora.

- Já sabemos, e isso nunca foi um problema. - Almeida pontua.

- Até agora! Isso tem a ver com Alice, estou certo? - Santos pergunta.

Não respondo.

- É, estou definitivamente certo.

- Eu não falei nada - me defendo.

- Exatamente. Se não fosse por causa dela, você rapidamente teria respondido que não, e não foi isso que aconteceu.

- É Júnior, vou ter que concordar com o Santos agora.

Olho para os meus amigos, nunca precisei esconder nada deles, nem eles de mim, acho que posso contar sobre minha confusão.

- Não sei como contar para ela.

Nocaute - Docshoes Onde histórias criam vida. Descubra agora