Capítulo 17

1.3K 53 16
                                    

Alice de França

Hoje o dia amanheceu com um brilho diferente. Talvez porque irei reencontrar minha família que não vejo há uns meses.

Desde de que Júnior me surpreendeu com a visita e o jantar inesperado, passou-se uma semana, e apesar da correria do dia a dia de ambos, nós sempre demos um jeito de nos encontrarmos, em qualquer hora do dia.

Júnior não media esforços para me ver, não importava o que ele estivesse fazendo, se eu conseguisse um tempo livre no hospital, era esse tempo que tínhamos disponível. Eu confesso que isso é um pouco assustador para mim, não de uma forma ruim, mas ninguém nunca fez sequer a metade do esforço que ele faz.

É incrível tê-lo ao meu lado.

Eu me sinto cuidada, protegida, amada. Sei que, apesar dos flertes mal desenvolvidos dele, seu interesse por mim é nulo, nossa relação resume-se apenas a amizade, mas apesar disso, sinto que ele estará comigo, para tudo que eu precisar. Assim como eu também estarei para ele.

Saio dos meus devaneios sobre Júnior quando meu celular começa a tocar, não me surpreendo ao ver seu nome na tela.

- Bom dia, linda. - não sei porque, mas desde o episódio da máscara verde, ele tem se referido a mim assim, ou lindinha. Não reclamo, eu gosto.

- Bom dia! - respondo verdadeiramente animada.

- Tudo pronto aí?

- Sim. Malas prontas, banho e café tomados. Tudo ok!

- Ótimo, porque estou aqui fora te esperando.

- Você o quê? Esqueceu do seu treino, garotinho? - Ele não fez isso...

- Isso mesmo que você ouviu, estou aqui aqui fora lhe esperando. Então, por favor, venha logo. E não, não esqueci do treino, apenas adiei para um pouco mais tarde. Estou na porta, tchau.

E assim encerra a chamada sem me deixar nem falar nada. Mas também, o que eu poderia dizer? Mandar ele ir embora e chamar um táxi? De jeito nenhum! Na verdade, estou feliz que ele esteja aqui, já estava certa de que não conseguiria me despedir dele de forma decente, mas o lutador adora me surpreender.

Abro a porta e dou de cara com um Júnior todo agasalhado, está fazendo um frio terrível aqui em São Paulo. Mas, apesar de camadas de roupas demais, ele está lindo, como sempre.

- Oi, linda. - beija minha testa, e assim como o novo apelido, também não sei o porquê disso, mas também não ouso reclamar.

- Oi - sorrio e o abraço.

- Você está linda, uma princesa.

- Obrigada, mas acho que você pode estar exagerando - semicerro os olhos em sua direção, como se em busca de algum indício que comprove meu ponto. Não encontro! - É só uma calça, um suéter e um tênis. Nada demais.

- Pode até ser nada demais, como queira... mas, ainda sim, você me parece uma princesa. Uma muito bonita, aliás.

Não consigo me conter, e logo sinto a pele do meu rosto esquentando.

Estou corada!

Júnior percebe, mas escolhe não comentar, ao invés disso, me puxa para um abraço e beija o topo da minha cabeça. Fico ali durante os segundos que se seguem, e, inevitavelmente, penso como seria se todas as minhas manhãs começassem assim, com ele ao lado transmitindo todas as sensações que está me transmitindo agora.

Decido encerrar aquele momento tão simples, mas tão genuíno e cheio de significados, vamos nos atrasar. Essa a desculpa que eu dou para não revelar o real motivo.

Que meu coração bate cada vez mais forte quando Júnior está ao meu lado.

- Vamos? Não estou a fim de me atrasar.

- Eu não me importaria com isso. - sorri ladino.

Meu coração dá uma leve guinada, e naquele momento, tenho a sensação de que eu também não me importaria. Nem um pouco!

...

Já, devidamente, instalada no avião, aguardo a decolagem com um friozinho na barriga. E não foi o medo de voar que o provocou, foi um misto de ansiedade e saudade. Ansiedade para ver meus pais e meu irmão e poder abraçá-los com todo o amor do mundo que tenho por eles, e saudade de Júnior.

Pode parecer estranho, mas é exatamente isso que estou sentindo. Saudade!

Serão duas semanas longe um do outro, e ainda que eu possa vê-lo ou ouvi-lo através de ligação, não poderei tocá-lo nem sentir o seu toque que tanto me acostumei a sentir nessas últimas semanas. E mais do que isso, que eu aprendi a amar.

Talvez seja exagero de minha parte, ou talvez seja o meu coração dando um jeito de me fazer sofrer adiantando toda a saudade que eu sentirei dele ao partir. Porque sim, eu irei embora duas semanas após eu voltar da casa dos meus pais, e isso significa que terei apenas duas semanas ao lado dele.

Júnior ainda não sabe nada em relação a minha mudança de país, por muitas vezes tentei contar tudo para ele, mas não consegui. Na mesma hora, meu coração apertava e toda a coragem que achava que eu tinha, se dissipava como fumaça no ar.

Até o momento não encontrei uma maneira para lhe contar, não sei quando vai ser, se hoje, amanhã ou depois, só sei que de todas as formas vai doer em mim.

Porque ainda que eu insista em negar para mim mesmo, quando olho para ele, vejo além de um amigo. Vejo o homem que, com certeza, eu escolheria para compartilhar a vida ao meu lado. O homem que eu sei que me seguraria, e que mesmo se eu caísse, pularia para me alcançar. O homem que eu amaria e me orgulharia disso.

Ou que talvez eu já ame e não tenha me dado conta ainda.

.
.
.

Estou sensível. Ninguém me toca 🥹

Alice está preocupada com como vai contar ao nosso campeão que ela vai ter que deixá-lo, mas o que ela não sabe, é que essa também é uma preocupação dele, porque em breve ele também terá que partir. 🫨

Prevejo momentos tensos na "amizade sincera" dos dois.

.
.

Gente, essa semana que vai entrar vai ser muito corrida. Final de curso e ainda tenho que completar minhas horas complementares, apresentação de tcc, encerramento do npj, enfim... Muita coisa 😭 Provavelmente não postarei nada, mas, quando eu retornar, trarei uma surpresinha 😌

Nocaute - Docshoes Onde histórias criam vida. Descubra agora