Filha?

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POV VALENTINA

Não estava afim de ir almoçar com meu pai, ainda mais para conhecer alguém, entretanto faria isso, como Luiza disse, ele está tentando se reaproximar.

Depois da minha esposa tentar desfazer meu bico, nós partimos para o hotel que meu pai estava hospedado. Leo estava empolgado com o presente que ele o prometeu.

-Desfaz essa cara amarrada, amor. — Luíza tinha a mão entrelaçada a minha. — É só um almoço.

-Só não estou animada. —Minha relação com meu pai era algo complicado.

-Vamos fazer assim, almoçamos com ele e depois podemos ir ao cinema. —Ela me deu um beijo e se aproximou do meu ouvido. — E depois eu posso fazer o que você quiser.

-O que eu quiser? — Dei um sorriso malicioso e ela mordeu o lábio e balançou a cabeça em confirmação.

Demos um beijo rápido e fomos ao guichê do hotel, o recepcionista nos informou que meu pai já nos aguardava. O rapaz nos acompanhou até o restaurante e meu pai acenou para nos aproximarmos.

-Filha! Que bom que vocês vieram. — Meu pai se levantou e abraçou nós três. —Olha o que o vovô trouxe pra você!

Ele pegou um embrulho grande e entregou ao meu filho que rapidamente rasgou a embalagem e um sorriso enorme quando viu do que se tratava o presente.

-É uma câmera, mamãe. — Filha foi rasgando a caixa e nós três sorrimos com a empolgação dele. — Eu amei vovô, obrigado!

-Que bom que gostou. — Meu pai estava feliz e eu estranhava essa interação toda. —Bom, chamei vocês aqui para apresentar uma pessoa.

Uma mulher se aproximou da nossa mesa e meu pai se levantou ficando ao lado dela. A mulher sorriu de forma simpática e logo Luiza se levantou para cumprimentá-la.

-Essa é a Clarisse, minha namorada. — Isso explicava muita coisa.

-Amor, essa é a minha filha Valentina e minha nora Luiza. — A mulher nos deu dois beijinhos. — E esse carinha, é o meu neto Leo.

-Oi Leo, tudo bem? — Meu filho estava entretido com a câmera e nem deu muita atenção para a mulher.

-Vamos comer? —Meu pai estava agindo igual bobo, e isso me deixava intrigada.

Na verdade eu acho que estava um pouco enciumada, não queria outra pessoa no lugar da minha mãe, eu iria preservar a memória dela, mesmo sem conhecê-la. Clarisse era um poço de simpatia e minha mulher logo enturmou com ela e meu pai se mantinha ao lado todo empolgado.

-E você, Valentina? Está tão calada. — Clarisse chamou minha atenção enquanto eu brincava com Leo. — Seu Pai me disse que você trabalha com produção de audiovisual.

-Sim! —Respondi sem ânimo e Luiza me cutucou.

-Ela é a melhor que a Visual creators poderia ter. — Meu pai disse orgulhoso, o velho realmente estava tentando se aproximar.

-Na verdade eu não trabalho mais lá. —Meu pai me encarou curioso. - Em breve terei o minha própria produtora.

-Poxa filha, e você nem me disse nada. — Meu pai pareceu chateado. — Só queria saber mais sobre você.

-Agora? — Falei com certa mágoa e meu pai suspirou.

-Valentina, para com isso. — Luiza me repreendeu e eu me levantei irritada.

Meu pai quase nunca foi participativo em minha vida, eu sempre me virei sozinha com a ajuda da minha avó, e agora aparece me cobrando as coisas, como se nada tivesse acontecido? Pra que? Para impressionar a namoradinha nova?

-Filha? — Estava na varanda do hotel quando meu pai se aproximou. —Podemos conversar?

Não respondi e ele se juntou a mim olhando para o horizonte, eu não tinha muita afinidade com ele, mas eu o amava de qualquer forma.

-Valentina, eu fui falho com você. — Ele quebrou o silêncio. — Sempre trabalhei muito e deixei você de lado, eu não soube cuidar de você depois que sua mãe se foi. Me ocupei de trabalho, pois a falta que sua mãe me fazia era insuportável, ela ainda me faz falta. E todas as vezes que eu olhava para você eu só enxergava ela, eu não sabia lidar com isso e deixei que sua avó me ajudasse,

-Pai... — Tentei interromper

-Eu achava que com bens materiais eu estava suprindo minha falta, mas isso era uma perfeita ilusão. — Ele desabafa com mágoa de si próprio. — Você cresceu, se tornou mulher, esposa, mãe e eu não estava lá presente, e não é justo eu chegar aqui cobrando as coisas . Nós dois não podemos recuperar o tempo perdido, mas podemos recomeçar. Você me dá uma segunda chance?

Não respondi com palavras, apenas abracei meu pai apertado. Ficamos ali naquele abraço e só soltamos quando as meninas se aproximaram.

-Tem um espacinho pra nós? — Luíza perguntou sorrindo.

-Claro, sempre tem minha filha. — Meu pai abraçou Luiza e eu ao mesmo tempo.

Eu acho que era isso que eu queria, ter meu pai presente na minha vida, poder fazer coisas de pai e filha, coisas bobas como ir ao shopping em um domingo à tarde. Passamos o resto do dia curtindo nosso momento família, meu pai estava feliz com a nova namorada e eu ficaria feliz por ele.

-Quero conhecer meu outro neto. —Estávamos conversando sobre o José.

-Não vemos a hora de ter ele de volta, Pai. — Luiza fez um carinho em minha mão.

-Nós vamos traze-lo de volta, eu estou aqui para ajudar. — Meu pai disse nos passando segurança. — E a Clarisse também.

-No que depender de mim, vamos reunir essa família o mais breve possivel. — Clarisse era desembargadora, e sei que ela poderia ter alguma influência boa para nós ajudar.

No fim da tarde nos despedimos do meu pai e Clarisse, combinamos de nos encontrar amanhã e estudar uma estratégia.

Estávamos saindo do hotel do meu pai, Leo dormia tranquilo no meu ombro e Luiza estava de mãos dadas comigo, mais a frente vi duas pessoas conhecidas e quando nos aproximamos, pude ver Rodrigo e o pai de Luiza conversando com um outro homem. Encarei minha esposa e ela tinha uma expressão confusa, ela queria ir até eles, mas eu a impedi.

Nós nos mantemos mais afastadas e observamos os dois, Augusto recebeu um envelope pardo e Rodrigo observava ressabiado. Aquela situação era bem estranha e muito suspeita.

-Amor, eu vou até lá. —Segurei sua mão e não deixei.

-Luiza, pode ser perigoso. — Puxei sua mão para voltarmos para o hotel. —Não sabemos quem é aquele outro homem.

-Eu preciso descobrir o que o meu pai e o Rodrigo tanto fazem juntos.
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Diga que me ama! - (VaLu Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora