Oito

118 18 11
                                    

     Parei no bebedouro para encher a minha garrafa antes da aula começar. Jungwoo sempre sente mais sede do que eu e quando finalmente procuro por um pouco de água, encontro a garrafa vazia.

Durante essa pausa, Doyoung me abordou. O seu olhar me perfurou por trás de seus óculos pretos. Sei muito bem do que ele vai falar, mas finjo que não.

— O que? Quer encher a garrafa? Entre na fila.

— Jaehyun-ah, sei que saiu mais cedo de propósito.

— Eu só queria pedalar um pouco. Não é você que sempre diz que tenho que acordar mais cedo?

— Amanhã já vai fazer duas semanas que prometeu dar um jeito no seu amigo.

— Achei que tivesse gostado de Jungwoo.

— Não foi o que combinamos. Precisa mandá-lo embora antes que alguém perceba que ele não estuda aqui.

Olho meus dois lados preocupado e diminuo minha voz.

— Se você falar mais baixo, vai ser mais difícil alguém descobrir.

— Eu apenas não quero arrumar confusão. Já é difícil demais estudar longe de casa. Sabe o que pode nos acontecer se souberem disso? Não quero ser expulso por ser cúmplice da sua mentira.

— Fica tranquilo, eu vou me responsabilizar por qualquer coisa que acontecer.

Fujo desse assunto o mais rápido, pois sei que Doyoung não é alguém simples de lidar, principalmente quando quer alguma coisa.

Sigo Jungwoo que está entrando na sala-auditório, mas o vejo recuar um passo para trás ao topar com algo na porta. De trás dele, vejo que era uma pessoa. Era Yuta.

— Mas olhe... — Yuta abre um sorriso, apoiando a mão na porta. — Carne fresca?

Jungwoo curva a cabeça num cumprimento.

— Olá.

— Não me lembro do seu rosto, estamos recebendo um calouro no meio do semestre e ninguém me avisou?

Cansei de assistir e finalmente os cerquei, atraindo a atenção do cara de cabelo comprido.

— Jaehyun... Há quanto tempo! Por que sumiu da Fraternidade?

— Ultimamente eu tenho tido certos imprevistos.

Respondo guardando a minha garrafa. Não desejo dar a ele abertura para uma conversa e mal encaro seus olhos.

— Eu vejo... — Yuta responde. — Boa sorte na próxima.

Diz antes de nos dar as costas e seguir.

Jungwoo acompanhou cada passo que o outro deu ao ir embora, até que a silhueta dele fizesse uma curva no corredor. Já eu, acompanhei seu olhar.

— Por que ele é tão...

— Exibido? — Tento ajudar. — Ah, ele é o filho da dona daquela cafeteria e também é presidente da nossa Fraternidade. Por isso se acha tanto.

— Eu ia dizer bonito.

Bonito? Ele achou Yuta bonito? É o mesmo que achar o meu cabelo bonito?

Espere aí...

Ok, sei que Yuta é realmente bonito, quer dizer... Ele não é o meu tipo, mas talvez eu nunca tenha visto um sorriso tão cheio de dentes e tão perfeitamente alinhado como o dele. Também concordo que ele é atraente de uma maneira natural, mas não acho que seja para tanto.

Posso estar sendo meio injusto, mas é o que é.

Nós não somos amigos, na verdade, estamos bem longe de ser. E isso é assim desde o primeiro ano da faculdade, quando durante um treino na Fraternidade, tivemos uma competição de muay thai, onde eu fui disputar o cinturão com ele.

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora