Quinze

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Youngho corre mais rápido que todos nós para chegar lá embaixo e a sua pressa nos desperta para correr também. Chegamos na parte debaixo, onde as águas desaguam em abundância e correm como um rio para uma só direção.

Sinto meu coração bater forte quando o alcanço, a respiração acelerada, olhando todos os cantos para ver se havia algum sinal dele. Mas Yuta sumiu.

— Yuta! — Youngho faz uma concha ao redor da boca, para que sua voz saia mais alto. — Yuta, cadê você?

Não havia um mísero vestígio dele aqui embaixo, não importava qual direção eu olhasse. Não havia nada.

Youngho não espera mais nenhum segundo e se estica por inteiro ao saltar na água, batendo um braço após o outro para chegar no outro lado. Jungwoo me encontra e ao ver seus olhos transparecendo todo o medo que está sentindo, entendo que devo fazer o trabalho de mantê-lo seguro de que tudo terminaria bem.

Mantenho o seu rosto para atrair seu olhar para o meu.

— Fique calmo, ele vai ficar bem, nós vamos encontrá-lo.

Olho outra vez para Youngho que já está quase abaixo da cachoeira. A cortina de água é grossa e barulhenta por isso ele precisa tomar cuidado para procurar por trás dela. A nossa distância me impedia de gritar para perguntar se ele viu algo.

Meu amigo mergulha e vem nadando de volta para a margem e Doyoung o ajuda a subir para a pedra.

Youngho tira o excesso de água do rosto e cabelo quando Doyoung lhe oferece a toalha que levava em sua mochila.

— Procurei em toda parte, ele não está aqui.

— Não é possível que tenha sido levado pela correnteza tão rápido assim — eu custo a acreditar. — Devemos continuar procurando.

— Esse lugar parece imenso, é melhor que a gente se separe — Doyoung propõe e o seu plano é aceito. — Ele pode ter se machucado quando caiu e vai ser perigoso se estiver desacordado.

— Jaehyun—ah, procure nessa direção — Youngho instrui. — Doyoung e eu vamos subir para ver se conseguimos ver algo lá de cima.

— Certo — recebo a sua ordem.

Levo Jungwoo comigo rio abaixo, que me acompanha sem contestar. A trilha nos impedia de ficar muito perto da margem de vez em quando, com toda a vegetação pelo caminho, buracos disfarçados, raízes que bloqueavam o nosso caminho. Tentei não perder aquele rio de vista, chamando o nome dele repetidamente, mas não tendo outra resposta a não ser dos sons da floresta a qual nos aprofundamos.

Estava difícil de procurar e quanto mais eu não encontrava nada, mais o desespero crescia dentro de mim. Se ele não tivesse sido um irresponsável. Se não tivesse subido ali ou descido a tempo.

Andamos tanto que acabamos chegando até uma das cavernas que conheci da primeira vez que vim aqui. Lá dentro era oco e tão silencioso que som das gotas era ruidoso. Não havia uma única pessoa. Continuo descendo e me esticando para tentar ver a direção onde o rio corria, mas a mão de Jungwoo me aperta mais firme e me puxa para dentro da caverna.

— Você está bem? — eu pergunto.

Noto que seus olhos estão baixos, como se estivesse travando uma luta interna para me dizer as suas próximas palavras.

— Eu vou me transformar — ele declara.

Me aproximo em mais um passo e seus olhos sobem para encontrar os meus. Jungwoo reafirma:

— Vou procurar por ele.

— Não vai ser perigoso? Alguém pode te ver.

Ele deve concordar com o que eu disse, pois não consegue responder. Toco seu rosto.

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora