JUNGWOO
Era uma noite quente de domingo. Doyoung havia acabado de voltar de uma viagem à Seul e pelo visto, as coisas não tinham ido muito bem por lá. Jungwoo não conseguia entender porque ele chorava tanto, mas entendia que ele estava magoado e que essa mágoa foi causada por alguém. Se sentia mal por ele, mas sabia que se tentasse dizer qualquer palavra de consolação, ganharia um olhar de reprovação ou qualquer resposta rude.
Ao invés disso, parecia melhor continuar comendo e ouvindo os conselhos que Youngho tentava dar ao seu amigo. Ele observava a maneira como Doyoung era acariciado nas costas e olhava para as mãos de Jaehyun em resposta.
Um pensamento descabido se passa pela cabeça, e ele prontamente desvia a atenção para o copo de água repleto de gelo. A água do mar era sempre gelada, independente da estação. Por isso ele gostava de se aquecer na superfície, o que nunca manteve seu corpo quente de verdade.
Ele nunca se sentiu tão quente como agora, quando percebe que ainda não parou de ter pensamentos indecentes.
Jungwoo pega o copo e o aproxima dos lábios, mas antes, sente o polegar de Jaehyun ser passado sobre o canto de sua boca, para limpar a sujeira que se formou ali. O seu coração dispara dentro do peito e ele odeia essa reação mais do que tudo. Costumava ser normal, mas agora está passando dos limites, ficando inadequado.
Pensar em alguém desse jeito já era loucura, pensar em Jaehyun era mais louco ainda.
Para evitar pensar demais, Jungwoo bebe de uma vez o copo de água, sentindo o sabor doce e congelante descendo pela garganta, mas não dando um pio pela temperaura. A dor de garganta não o fez acalmar seu coração e nem seus pensamentos, e, buscando uma maneira mais rápida de acalmar-se, ele preferiu se levantar e avisar que iria ao banheiro.
O lugar estava vazio, sem uma única pessoa. As cabines estavam abertas e o perfume de um desinfetante pairava sobre o ar. Ele sabia que não estava com vontade de usar o banheiro, por isso, decidiu fechar o zíper e sair da frente do mictório.
Ao abordar as pias, ensaboa as mãos e termina de enxaguar quando escuta a porta ranger lentamente. Para secar as mãos, ele desliza os dedos entre o cabelo e ergue o olhar para o seu reflexo no espelho, encontrando uma silhueta atrás de si.
O seu coração pula de susto quando se depara com aquele par de olhos verdes. Os olhos verdes do seu irmão, Eunwoo.
— Há quanto tempo, não? — ele sorri, do mesmo jeito que sorriu quando eles brigaram, pouco antes de Jungwoo fugir. — Odeio admitir, mas senti saudade do meu irmãozinho...
— O que está fazendo aqui?
Seus olhos não desviam dele quando o vê se aproximando em dois passos.
— O que você acha? Não pensou que conseguiria continuar se escondendo para sempre, pensou?
— E o que mais você quer de mim? — sua voz soa ríspida.
— Não é óbvio? Vim atrás de você, vou te levar de volta ao lugar que pertence.
— Sai de perto de mim — Jungwoo exclama, empurrando as mãos que tentam alcançá—lo. — Eu não vou voltar com você, não depois do que fez.
— Parecia estar se divertindo naquela mesa... — Eunwoo aponta para fora. — São seus novos amigos?
Jungwoo não consegue responder, o que faz o sorriso de lado ir se desmanchando. A expressão dele ficou mais séria, assim como a sua voz.
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O Segredo do Oceano • JaeWoo
ФанфикAspirante a oceanógrafo, Jaehyun enfrenta as dificuldades da faculdade que escolheu contra a vontade dos pais. E como se não bastasse, se vê obrigado a esquecer a tranquilidade que era sua vida quando conhece Jungwoo, um rapaz misterioso que aparece...