Trinta e Dois

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JUNGWOO

- Mayim! Mayim, levante! - Haye desce a nascente aos berros.

Jungwoo sai debaixo da cabana formada por tecidos, despertando do seu descanso.

- O que faz aqui de novo? Se Selina volta e te encontra aqui, vai te prender junto comigo!

- Escute, quero te dizer algo!

- O que houve? Por que está sorrindo assim?

- Um humano cruzou a ilha. Todos em Meri estão falando sobre isso desde ontem, mas só acreditei quando o vi com meus próprios olhos.

- Isso é verdade? Como um humano chegaria aqui?

- Eu sei que ele chegou e é tão, mas tão lindo, Mayim tem de ver com os próprios olhos! - Haye se entusiasma. - Ele estava perdido na floresta quando o encontrei e me deu um presente.

- Um presente? Mas que presente?

Haye tateia sua roupa, mas não encontra mais o raminho de gypsophila que caiu durante a sua corrida até a montanha.

- Mas estava aqui agora mesmo, eu juro!

Jungwoo revira os olhos e volta a se deitar.

- Muito engraçado, Haye, não precisa inventar historinhas para me distrair. Selina não deixou ninguém me vigiando, pois sabia que eu cumpriria a ordem que me deu de ficar preso. Se Haye continuar vindo aqui escondido, alguém uma hora vai te denunciar.

- Mas...

- Vá embora, Haye.

- Estou dizendo, Mayim precisa ver Jaehyun com os próprios olhos para entender.

Assim que esse nome cruza seus ouvidos, Jungwoo sente um arrepio se espalhar por sua coluna inteira, sua pele esfria e a boca trava. Ao levantar, apoia as mãos para trás, uma tontura ronda a sua cabeça.

Jaehyun.

- O que você disse?

- Que você precisa vê-lo por si mesmo.

- Não, o nome, qual foi o nome.

- Jaehyun, é o nome daquele homem humano. É lindo como ele.

Jungwoo segura o tecido que cobre o braço dela.

- Haye, quantos Jaehyuns você acha que existem nesse mundo?

- Devem ser muitos, mas como aquele só existe um.

Ele pisca lentamente, abaixando o olhar.

- Eu concordo com você.

- E então, vai querer vê-lo ou não?

***

A liberdade formiga em sua pele.

O sentimento o acompanha desde o momento em que chega ao pé da montanha, deixando tudo para trás. Aos poucos, a pressa toma a sua vontade. Jaehyun se torna a única coisa que existe e por isso corre sobre os seus pés, algo que não lembra da última vez que fez.

Uma euforia preenche suas veias. Uma coruja sente a movimentação alheia e dilata o olhar. A mata antes silenciosa, foi abalada por duas figuras com pressa para chegar à praia. A noite vai cobrindo a floresta. Distante, era possível enxergar uma cabana acesa.

A curiosidade toma conta e os faz parar de correr, ofegantes, confusos. Se entreolham, pensando quem vai se aproximar primeiro.

Haye toma a iniciativa e segue.

Lá dentro, Jaehyun estava sobre uma cama de tecidos. Lamparinas ao redor do corpo suado e febril. Os olhos estavam fechados, mas o globo ocular se movia por de trás e sua boca sussurrava coisas que ninguém conseguia entender.

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora