O Segredo do Oceano • JaeWoo

Treze

— Você está atrasado — minha mãe julga quando me sento na mesa. — Será que é tão difícil ter um pouco de compromisso?

— Me desculpe, você me chamou de última hora.

Tento justificar, observando o garçom abordar a mesa para me oferecer o menu.

Não estou com fome, então uma bebida refrescante parece o suficiente. Olho ao redor e vejo grande parte das mesas vazias, vestidas em toalhas brancas e flores sutis.

— O que era tão urgente que você não poderia esperar?

— Eu ainda sou a sua mãe e me preocupo com você.

— Imagino.

— Sabe que tudo o que fiz foi pensando na minha família, me parte o coração te ver tão distante, parece que não reconhece nada do que fizemos por você.

Noto que há um envelope ao lado dela, embalado e fechado. A minha curiosidade começa a entender por que esse encontro era tão urgente.

— Não me chamou aqui para isso, não foi?

— Você não gosta de ser enganado, tem o mesmo sangue que eu — seu tom soa como um elogio. — Acontece que andei conversando com o seu pai e nós falamos bastante sobre a sua decisão de ter saído de casa. Foi algo que decidiu sem nos consultar ou pensar se conseguiria mesmo fazer isso sozinho.

— Eu tenho me saído bem.

— Tem se saído bem porque ainda tem a nossa ajuda, do contrário estaria perdido.

— O que?

— Quero dizer que se você é assim tão independente da sua família, precisa começar a viver a própria vida sem a ajuda financeira que recebe todo mês para se manter.

Não estou gostando de para onde essa conversa está nos levando.

Minha mãe continua:

— Vi que foi ao shopping há um tempo atrás, parece ter se divertido muito torrando um dinheiro que não era seu.

— O que está querendo dizer?

— Que está na hora de você agir como o adulto que pensa ser. Se já adulto o bastante para tomar as próprias decisões, também é adulto para não precisar mais do dinheiro da sua família. Se decidiu sair de casa para viver a própria vida, então acho que não podemos continuar te ajudando mais com nenhum centavo.

— Não faça isso — tento pedir. — Mãe, eu preciso manter o meu barco, preciso cuidar da minha casa e continuar estudando. Como espera que eu continue sem nenhuma ajuda?

— É exatamente o que eu não espero — ela responde. — Mas se você está decidido, eu também estou.

Balanço a cabeça repetidamente. Não poderia acreditar que ela estava mesmo fazendo isso comigo, jogando tão baixo provavelmente para me fazer aceitar a fazer como quer.

— Eu não queria precisar fazer isso, não me importaria em continuar te sustentando, quem sabe até te enviaria para estudar no exterior se fosse da sua vontade. Mas já faz tempo que você se voltou contra os seus pais e principalmente contra mim, que sempre fez de tudo por você.

— Há algum jeito de você não fazer isso?

— Aqui — ela desliza o envelope sobre a mesa, na minha direção, como se estivesse só esperando que eu perguntasse.

Pego o papel e desembalo a folha de uma ficha de inscrição.

— Se ao menos largar essa faculdade inútil e começar a fazer medicina, pode ter certeza que voltará a ter o meu apoio.