Trinta e Sete

58 6 4
                                    

Interrompo meus passos em frente ao restaurante, a rua tem movimento. Através das janelas, o ambiente estava aceso, mas esvaziado. Demos sorte. Jungwoo solta a minha mão, atraindo a minha atenção para ele.

- Você está bem, anjo? - toco em seu rosto, sentindo sua mão em volta do meu pulso. - Se não estiver, podemos voltar agora.

As mãos dele costumam ser frias, já me acostumei. Mas elas não costumam tremer como estão tremendo agora. Consigo sentir o seu nervosismo exalar de dentro para fora como ele provavelmente faz quando decifra o que sinto pelo meu cheiro.

- Obrigado por ter vindo comigo... - ele diz, mudando o olhar para o restaurante. - Agora eu preciso fazer isso sozinho.

- Vou te esperar bem aqui.

Beijo levemente sua testa, pronto para deixar que vá, mas antes, uma voz aborda nossos ouvidos.

- Que romântico, vieram jantar aqui?

E eu a reconheço na mesma hora. Era o irmão de Jungwoo, ele tinha voltado. Somente ouvi-lo faz um arrepio cobrir a minha nuca. Não espero e viro para trás, encontrando suas mesmas roupas pretas, seus mesmos olhos verdes eletrizantes, a mesma aura ruim.

O aperto da mão de Jungwoo se torna mais forte, como se quisesse me manter seguro.

- O que está fazendo aqui?

- Soube que você foi libertado e que veio viver aqui. Você nem foi me visitar desde que voltou.

- Se afaste! - eu exijo quando o vejo se aproximar em um passo.

- O seu namoradinho morde? - Eunwoo ri, fazendo o meu sangue ferver. - Fique calmo, eu não estou aqui para enfrentar vocês dois. Pelo menos não se fizerem exatamente como estou pedindo.

- Não iremos fazer nada.

- Tem certeza? Aquela lá dentro, soube que é a sua mãe, não é? Como é mesmo o nome dela? Hyejin? Yunjin?

- Se der mais um passo, eu juro que acabo com você! - ameaço outra vez, dessa vez sentindo Jungwoo apertando meu ombro e me puxando para trás.

Mas eu teimo e não o acompanho, sigo à sua frente.

- Não sei o motivo de tanto drama, não irei fazer nada com ela. Só fiquei curioso, então o papai não a matou?

- Por favor, Eunwoo - Jungwoo lhe pede. - Selina me abandonou, ela me deixou vir. Eu sequer contei à ela do que tentou fazer com Jaehyun.

- Esse seu instinto de altruísta me cansa. - exaspera. - E por que não disse a ela? Você não queria que eu fosse punido? Não preciso da sua misericórdia, aliás, nunca precisei.

- Então o que mais está procurando?

- Não podemos conversar aqui. Quero que os dois venham comigo e tem que ser agora.

- Não iremos a lugar algum com você! - volto a dizer, tento não permitir, mas a raiva sai em minhas palavras.

- Yuno, fique calmo - Jungwoo me puxa para si e põe as mãos sobre o meu rosto, meus olhos seguem os seus. - Me deixe resolver isso.

Mas a tensão não deixa o meu corpo, sinto que Eunwoo voltou por estar tramando algo. Ele vai nos atacar assim que tiver a chance e não pode ter tantas testemunhas como está tendo agora com tanta gente na rua.

- Eu não sei o que você quer - Jungwoo diz ao seu irmão. - Mas não vai conseguir ter.

- Será mesmo que não vou?

- Eu fui tirado daqui quando nem tinha idade para entender o que estava acontecendo. Fui impedido de levar uma vida normal. Fui destratado por você a vida inteira e tive a chance de recomeçar. Você já se vingou do meu pai, eu já deixei Meri e descumpri todas as promessas que fiz. Selina nunca confiará em mim de novo e se o meu pai estivesse vivo, certamente me olharia com decepção, você sabe disso. Ainda não é o suficiente?

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora