O Segredo do Oceano • JaeWoo

Trinta e Cinco

Minha barba arranha a pele dele entre nossas brincadeiras. Sua risada é abafada por um beijo meu, o jeito com que me aperta me arranca um gemido e um suspiro sutil de satisfação.

Jungwoo levanta o edredom escuro, formando uma cabana e tenho uma visão mais clara do seu rosto. Sei que estou descabelado e sonolento, mas mesmo assim ele me olha como se eu fosse tudo.

Céus, só Deus sabe o quanto eu sonhei em acordar um dia assim.

Ajusto a manga da camiseta longa até o antebraço, gosto de usar meus óculos de leitura quando dentro de casa para assistir televisão ou me perder nos trabalhos da faculdade. Na verdade, eu deveria corrigir o astigmatismo herdado de meu pai, e o certo seria sempre usar esse par de óculos para qualquer atividade, mas a preguiça é maior.

Jungwoo quem parece ter gostado de me ver os usando. Ele está com o quadril apoiado no balcão central, de pernas nuas, usando meias até seus calcanhares ao me encarar.

Fecho a geladeira e me viro. Vou despejando água fria no copo, ele continua a me observar daquele mesmo jeito. Os olhos negros fascinados, acompanhavam cada movimento meu enquanto o canto do seu lábio era pressionado pelos seus dentes superiores.

Termino de engolir toda a água do copo, e ofereço a ele.

- Você quer?

- Hum-hum - ele nega.

- Por que está me olhando assim?

- Esses óculos, vou ficar louco com eles...

Dou um sorriso ao seu confessar, colocando o copo vazio no balcão.

Jungwoo desliza a laranja que segura entre os dedos, o fruto redondo, grande e alaranjado entre a sua pele branca. Pego uma faca no faqueiro e recolho-a de sua mão para partir. Apoio a fruta suculenta e descascada na tábua, partindo em fatias e depois em pedaços menores. Minha mente vai até Yunjin na mesma hora.

Não sei se é um bom momento para questionar a ele a razão de não querer ver a sua mãe, mas eu voltarei ao trabalho amanhã, ela vai me questionar e eu não sei se vou conseguir continuar mentindo.

É uma ironia no final das contas.

Dou a ele um pomo de laranja na boca, Jungwoo abocanha e mastiga deliciosamente. Sugo o suco que escorre pelo dorso da minha mão. Seguro a tigela com a fruta picada e pronta para comer, mas ao abordar o balcão, Jungwoo enfia seus braços por baixo dos meus, prendendo minhas costas e me puxando para perto. Ele me beija para agradecer e eu sorrio no processo, quase não dando espaço para que seus lábios toquem nos meus.

Mordo o seu queixo e afundo o nariz em seu pescoço para sentir o seu cheiro de fruta mordida. Sua língua tem o mesmo sabor doce do laranja que mordeu, seus lábios ainda têm a essência cítrica e eu me delicio neles, prendendo a pele inferior entre meus dentes da frente.

Deixo a tigela de lado e ponho a mão sobre sua cintura, meus dedos agarram e erguem seus quadris para cima, fazendo-o se sentar na superfície para que eu continue aquele beijo. Inclino a cabeça. Me encaixo entre suas pernas, deslizando uma mão sobre seu joelho, subindo para a coxa e evitando me separar de sua boca.

Jungwoo me oferece o seu lábio inferior, aquele o qual mais gosto de chupar e eu volto a sorrir quando faz isso. Envio uma mão para a parte de trás de sua cabeça, meus dedos desaparecem na maciez de seu cabelo, me fazendo notar que havia crescido bastante, os fios estão tão longos que já estão ondulando e com bastante movimento.