Dezenove

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     Finalmente chegar ao hotel, lhe trouxe tanto alívio que nem sabe dizer. Os amigos dele que passaram a noite em claro tentando resolver seu paradeiro o receberam imediatamente e levaram ao mesmo ambulatório onde Yuta foi atendido dois dias antes.

Doyoung não conseguiu entrar na sala apertada quando viu Jaehyun deitado na cama. Youngho tentou estar junto dos enfermeiros que trabalhavam para monitorar cada mínimo sinal de vida que Jaehyun emitia até a médica chegar. Disseram que os sinais vitais estavam muito fracos e que eles precisavam dedicar total atenção a ele, por isso, pediram para que os demais se retirassem.

Jungwoo continuava sentado na cadeira do corredor, escutando tudo do lado de fora. Seu corpo tremia em silêncio, ele não deixava ninguém saber o que estava pensando, sequer contou aos outros como fez para encontrá-lo e não contou o que aconteceu de verdade.

Isso deixou Doyoung mais irritado por não amenizar a angústia de ninguém. Ele chegou a culpá-lo por tudo o que estava acontecendo, sem saber que no fundo, Jungwoo já sabia. Era tudo culpa dele, não importa o quanto tentassem dizer o contrário. Isso aconteceu por culpa dele.

Quando deixou o chuveiro a noite passada e encontrou o seu quarto vazio, seu primeiro pensamento foi descer para encontrar Jaehyun, esperando que ele estivesse no andar debaixo aguardando por ele. Todos os outros conversavam no saguão e disseram pensar que ele estava o tempo todo ao lado de Jungwoo. Foi aí que o desespero começou.

O cheiro do seu sangue estava presente, mas não de maneira que ele pudesse decifrar, o cheiro era fresco e concentrado. Perseguindo isso, ele encontrou na sacada daquele quarto, uma peça de decoração partida em pedaços, os cacos manchados de um vermelho ainda úmido.

Naquele momento, Jungwoo desejou mais do que tudo que aquilo não passasse de um mal entendido. Quando Yuta foi atacado, ele sentia que poderia ter sido o seu irmão tentando avisar que estava por perto, mas quando Jaehyun sumiu, ele teve a certeza.

Até mesmo Yuta aceitou o plano de procurar por ele nas redondezas, Jungwoo foi o único que se recusou, ele precisava rastrear o cheiro de sangue que lhe cercava e que já reconhecia de longe. O odor estava distante e enfraquecido, mas ele conseguia sentir e iria atrás dele.

Levou a madrugada inteira até que ele finalmente encontrasse seu irmão, confirmando tudo o que se passava pela cabeça. Mas não deu tempo de reagir, assim que viu Eunwoo entre os arbustos, ele já havia lançado Jaehyun na água, para que se afogasse.

Jungwoo se colocaria em perigo para salvá-lo e foi o que fez sem pensar duas vezes.

A movimentação dentro da sala do ambulatório ficou tensa de um instante ao outro. Jungwoo se levantou da cadeira e abordou a entrada, se deparando com Jaehyun deitado sobre a cama. O corpo pálido e quase sem vida, os olhos fechados. O aparelho conectado ao seu corpo passou a transmitir um ruído contínuo, deixando os enfermeiros agitados, dizendo que ele havia parado de responder.

Uma massagem cardíaca era feita de maneira desesperada, mas o que deixou Jungwoo ainda mais apavorado, foi quando a médica precisou usar um aparelho de choque em seu tórax, fazendo com que seu corpo saltasse mesmo sem despertar.

Jungwoo sente que há algo de errado, sente que eles estão o machucando ao invés de tentar salvá-lo e com isso se descontrola. Ele invade a sala. Uma mão agarra seu braço e o puxa de volta para fora, já exigindo que ele se contenha e não tente fazer nenhuma besteira. Doyoung fecha a porta, pedindo para que ele deixe os enfermeiros fazerem seu trabalho.

Youngho estava sentado na cadeira preta, de cabeça baixa e com as mãos na nuca, sem conseguir dizer nada. Doyoung voltou a andar de um lado ao outro, inquieto, temeroso. Jungwoo estava prestes a chorar outra vez.

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora