JAEHYUN
Um disco de jazz tocava baixinho, ecoando entre os meus sonhos. Sei que é seguro abrir os olhos, então faço sem dificuldade. Me deparo com um teto de cor bege e uma iluminação baixa. Já não estou mais encharcado, estou seco e quente, com um cobertor macio cobrindo até o meu peitoral.
A janela de persiana ao lado da cama tem uma fresta que me permite ver o céu claro do entardecer, raios de sol entravam e cruzavam o quarto. Minha lombar pulsa, meu pescoço lateja, minha cabeça dói e minhas pernas estão pesadas demais para que eu possa movê-as.
Inclino a cabeça e encaro meus pés cobertos, então deito outra vez no travesseiro, buscando entender tudo o que minhas memórias me contam de uma só vez.
Não foi um sonho, não pode ter sido.
Mas, espera, se não foi um sonho, onde está Jungwoo?
A porta do quarto se abre e silencia os meus pensamentos ruidosos. Espero que seja ele, mas é uma enfermeira quem entra carregando uma bandeja com uma refeição quente.
Roupa de hospital, quarto de hospital, comida de hospital.
— Você acordou, que bom... — ela elogia com um sorriso. — Vou chamar a Dra. Mari imediatamente! — pega o telefone do quarto e liga para alguém.
Fecho os olhos devido a dor de cabeça, a cama inclinada parece desconfortável. Meu braço está furado, recebendo medicamento através das veias e há fios colados em meu peitoral, monitorando cada batimento cardíaco.
Logo a minha mãe chega para me examinar. Ela usa uma lanterna para olhar minha retina e me faz algumas perguntas técnicas. Como paciente, eu respondo. Como filho, eu me sinto cuidado.
— Os sinais vitais estão estáveis — ela tira o estetoscópio gelado das minhas costas e o remove dos ouvidos. — Irei buscar o resultado do eletrocardiograma. Deixe-o em observação máxima.
A enfermeira assente enquanto arruma a minha refeição na mesa da cama.
— O que você está sentindo?
— Muita dor de cabeça.
— Vou receitar analgésicos, vai parar de doer — ela escreve no prontuário.
— Obrigado, mãe.
— O meu plantão se encerrou — guarda a caneta. — Vou para casa descansar e o seu pai vem ficar com você. Volto amanhã pela manhã.
Eu me deito e assinto e ela tira meu cabelo da testa, para poder olhar meus olhos.
— Nunca mais me dê um susto desses.
Eu assinto outra vez, sem conseguir ter outra reação. Em vinte e quatro anos de vida, foram poucas as vezes que me senti desse jeito ao seu tocado pela minha própria mãe. Talvez quase morrer assustou a todos nós.
A enfermeira tenta me ajudar a comer, mas eu recuso a sua ajuda e pego a colher por conta própria. Os dedos trêmulos, levemente tonto. A comida estava quente, mas não estava tão boa assim. Não consegui terminar de comer. O som daqueles bípes das máquinas ao meu lado estavam me deixando levemente irritado. Ficar preso aqui dentro, sem saber o que estava acontecendo lá fora me deixou inquieto.
Desligo a televisão e logo em seguida a porta se abre. O meu pai entra e abre o maior sorriso do mundo ao me ver acordado.
— Eu vim o mais rápido que pude — ele me conta, lavando as mãos na pia do quarto.
Ele as seca e vem beijar a minha cabeça repetidamente para me receber. Quando tem certeza que estou bem, resolve se afastar.
— Pai, como eu vim parar aqui?
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O Segredo do Oceano • JaeWoo
Hayran KurguAspirante a oceanógrafo, Jaehyun enfrenta as dificuldades da faculdade que escolheu contra a vontade dos pais. E como se não bastasse, se vê obrigado a esquecer a tranquilidade que era sua vida quando conhece Jungwoo, um rapaz misterioso que aparece...