O Segredo do Oceano • JaeWoo

Quarenta

Praia de Hamdeok, Costa de Ulsan

Os raios solares cruzam o mar enquanto estou submerso. Mergulho à trabalho. Respiro pelo cilindro de oxigênio e vejo meu colega mergulhando mais fundo, batendo com os pés de pato e atravessando a caverna submersa.

Flutuo dentro da água límpida do recife, a areia branca cobre o chão entre as anemonas dançantes. Uma tartaruga marinha vagueia perto de mim, e é fascinante. Ondulo mais baixo. Vejo um cardume de peixinhos listrados através dos meus óculos de proteção. A minha câmera aquática registra cada momento crucial para as informações que estamos recolhendo. Quando finalmente acabamos, eu nado para a superfície

Jogo o cabelo encharcado, tirando o excesso de água salgada e me deparando com as montanhas ao longe. Voltamos ao Angelus, o meu barco. Dei a ele finalmente um nome. E resolvi homenagear o meu anjo, que vai zelar cada viagem que fizermos juntos e também as que farei sozinho.

Abro uma garrafa de água doce e despejo sobre a boca, depois sobre o meu rosto. O meu colega me aborda.

Há semanas, eu fui aceito no Instituto de Ciências Marinhas, como mergulhador profissional, dando início à minha vida na oceanografia como sonhei. Lá, eu conheci um amigo, o Minhyuk. Ele está chegando na casa dos 30, mas é a pessoa mais jovem que conheci dentro do instituto, deve ser por isso que nos damos bem.

Olho para as outras embarcações brancas ao longe, perdidas entre a multidão azul-ciano do mar.

Penso em crescer onde estou agora, mas ainda alimento a minha vontade irrecusável de um dia vestir a minha boina de marinheiro e ir enfrentar os sete mares ao lado de Jungwoo. De sentir o vento salgado no rosto, de assistir o sol poente refletindo no mar.

Não vejo a hora de ter experiência para ser capitão de embarcações maiores, como um navio. De ter meus próprios tripulantes e viajar o mundo inteiro sobre os oceanos.

E enquanto esse momento não chega, sigo trabalhando em meus mergulhos.

***

Uma revoada de gaivotas circula o céu da tarde.

Desembarcamos na orla da praia e encontramos uma leva de pessoas desfrutando a tarde calorosa. A ventania nos cobre. Não tirei a minha roupa de mergulhador quando fui procurar por ele. Nos encontramos hoje pela manhã quando ele trouxe uma sacola de pano com um boné, óculos de sol e o seu quinto caderno de rascunhos.

A mãe dele lhe deu o dia de folga na casa de peixes onde está se dedicando muito. E para aproveitar o tempo livre, ele veio à praia sozinho.

Encontro Jungwoo sem camisa, usando uma das suas bermudas mais curtas e apertadas. Seu corpo jogado de bruços na espreguiçadeira enquanto dormia embaixo do guarda-sol listrado. Solto a minha mochila carregada na areia e me apoio na cadeira. Me abaixo para conseguir deixar um beijo em sua pele com gosto de filtro solar.

Subo dando mais um beijinho na curva de sua coluna e vou até a sua nuca, onde enfio o nariz. Posso notá-lo despertando do cochilo. Jungwoo empurra a espreguiçadeira ao se erguer e me olhar com confusão, mas fecha os olhos e sorri quando nota que era eu.

Ele fica sentado, me dando espaço para sentar em frente a ele.

- Como foi lá? Você se divertiu?

- Muito! - eu sorrio ao contar. - Lá era lindo, quase me esqueci que estava à trabalho... Mas e você? Também foi nadar?

- Hoje eu não quis nadar... - ele me conta espalmando a areia grudada em sua perna.

- Então vamos nadar agora.