Dez

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    Estou ficando louco. Não há outra alternativa. Não consigo entender porquê não paro de sonhar com Jungwoo toda santa noite. Não me lembro de quando isso começou a me acontecer, só sei que esses sonhos estão cada vez mais vívidos. Acordo com o peito molhado de suor frio, entorpecido por um toque tão real, perdido no meu desejo que cultivei sem saber. Não me dei a permissão de ficar sonhando com ele.

Eu quero parar, imediatamente.

Nos meus sonhos, ele está nu. Mas é diferente. Eu não o olho com medo e vergonha, eu o vejo com fervor. Os braços e pernas compridos, entrelaçam-se aos meus e prendem o meu corpo. As mãos desfazendo os botões da minha camisa branca e então subindo até as minhas bochechas. Beijo suas mãos, a pele pálida do dorso. Com a ponta dos dedos, ele sobe e acaricia as minhas pálpebras, depois meu cabelo, até que me puxe na direção dos seus lábios e me dê um beijo.

É nessa hora que eu acordo. Tremendo e desorientado.

Me sinto sujo toda vez que olho para ele de manhã durante o café. Lembro do seu corpo e do seu toque e tenho vontade de socar a minha própria cara quando me perco em devaneios.

Também me lembro de quando eu comecei a ver o seu rosto no meu cotidiano, procurando-o entre desconhecidos. Isso só passou quando eu o reencontrei.

Eu estou mesmo louco?

Não é normal, não pode ser. Preciso arrumar um jeito de fazer parar. Não sei mais se é por causa da presença dele, não sei se é algum tipo de encanto, não sei mais se é verdade.

E não sei como vim parar aqui.

— Jaehyun, está indo buscar Jungwoo? — Youngho me pergunta na saída do laboratório.

Assinto para ele.

— Estou. Por quê?

— Vou com você. Dalhoon estuda lá.

Caminhamos em silêncio até a saída do prédio, estou preso nos meus pensamentos desde hoje de manhã. Não consigo esquecer. Mas já que também não posso falar, resolvo manter a boca fechada.

Hoje foi o primeiro dia de aula no curso de pintura. Jungwoo acordou antes de mim, deixando clara a sua ansiedade. Durante a viagem de trem até aqui, não parou de falar por um segundo sobre quanto queria melhorar em desenhar rostos e que prestaria atenção em tudo.

Me animo com o seu entusiasmo e agora me sinto ansioso para reencontrá-lo e ouvir sobre como foi o seu primeiro dia. Caminho lado a lado de Youngho. Ele, assim como eu, está perdido em seus próprios pensamentos. Nem preciso pensar muito para saber no que está pensando.

— Você e Dalhoon estão namorando? — eu pergunto, após certo tempo andando nas ruas do parque universitário.

— Já deu para desconfiar?

— Um pouco. Você parece sentir desejo por ela... — comento, mas me arrependo das minhas palavras esquisitas.

Qual é, Jaehyun, não custa nada ser normal.

— Ah, eu sinto... — Youngho dá um sorriso largo. — Mas ela também sente por mim, o que é bom.

— Hyung, é comum sentir desejo por alguém que você não quer, não é?

— Não que eu saiba.

Droga, devo parar de perguntar. Eu não quero mais saber. Tenho vontade de tapar meus ouvidos enquanto Youngho continua:

— Se você deseja alguém, isso significa que já quer tanto aquela pessoa, que não dá pra voltar atrás. Por quê? Tem alguém mexendo com você?

— Não, não tem ninguém — tenho pressa para responder. — É só uma dúvida.

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora