Trinta e Seis

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Observo Taeyong concentrado no peixinho azul que está adoecido. Eu estava varrendo o chão há um minuto atrás, mas tive que parar e assisti-lo manusear com cuidado aquela pinça sobre a sua barbatana. De vez em quando o peixe se debatia, mas era controlado sem dificuldade.

Taeyong ergue seus olhos redondos para mim.

- O que quer?

- Ele vai ficar bem?

Sua atenção retorna para a criatura.

- Vai, só vou precisar colocar na água com sal e deixar por umas horas.

O telefone dele toca em cima do caixa e ele me pede o favor de pegar e atender. Coloco o celular entre seu ombro e o ouvido para que atenda à ligação. Volto a varrer o chão enquanto ele continua a cuidar daquele peixinho ao mesmo tempo em que conversava ao telefone.

- Tudo bem, eu vou terminar aqui e já estou indo.

Quando finaliza, pego de volta seu celular para que suas mãos continuem concentradas no que faz.

- Vou precisar sair - Taeyong conta. - Você fecha a loja para mim?

- Para onde vai?

- Sou curador de uma galeria de arte, estamos preparando uma exposição e ultimamente tenho trabalhado muito. Se não fosse por você, eu nem sei o que seria da minha loja.

Eu me curvo.

- Desculpe por ter faltado durante esses dias.

- Está tudo bem, você quase morreu. Pelo menos espero que tenha se recuperado.

- Eu me recuperei, passei a me cuidar e melhorei bastante. Mas soube que você teve que fechar nos dias em que não pude vir.

- Ter deixado essa loja fechada por uns dias me fez perceber que tenho muita vontade de passá-la para frente. Tenho conversado com a minha família sobre vender esse lugar e eles concordaram comigo.

- Vender? Mas vai vender para quem?

- Não sei, alguém que cultive aquários e que seja bom em vender. Não quer comprá-lo?

Um carro estaciona em frente à loja e eu reconheço o veículo, era o carro de Youngho. Taeyong termina de cuidar do peixe e o coloca de volta no aquário onde jogou uma colher de sal.

Eu vou para a entrada receber meu amigo, mas me impressiono quando vejo Doyoung deixando o carro também.

- E aí, sete-vidas! - Youngho me acena, do outro lado.

- O que estão fazendo aqui?

- Youngho me sequestrou! - ele bate a porta do carro, mau-humorado.

- Não exagere.

- Você fez o maior escândalo me seguindo com o seu carro no meio da rua até me obrigar a entrar.

- Quem manda você ser tão cabeça-dura e não querer falar comigo?

- Ainda não me responderam o que vieram fazer aqui.

Youngho decide explicar:

- Inventei que viria te ver e ele disse que se eu não viesse mesmo, ele pularia para fora com o carro em movimento. Achei melhor não arriscar.

- Jaehyun-ssi, vou precisar sair, feche a loja como pedi e... - a fala de Taeyong vai morrendo à medida que encontra os meus amigos ao lado de fora.

- Taeyong, como vai? - Youngho abre o maior sorriso. - Esse aqui é o...

- Doyoung. - Taeyong o corta. - Eu sei...

- Sabe? Mas como sabe?

- Taeyong-hyung... - Doyoung murmura, a face incrédula.

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora