Trinta e Três

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JAEHYUN

A maré subiu, devolvendo o casco do meu barco de volta ao mar.

Selina me abençoou, então disse qual direção seguir na bússola para voltar para casa. Sempre entre o Sul e o Oeste. Garantiu que não haveria mais tempestades e que eu chegaria em segurança.

No segundo dia de viagem, eu estaciono enquanto cruzo o oceano pacífico. Vou tomando rumo. O barco ondula sobre as águas esverdeadas. O céu é limpo e o sol cobre a minha pele, mas não me aquece tanto. A minha regata listrada me deixa parecendo um marinheiro de fato, e eu não desmentiria. Giro a roda do leme, as hélices dão movimento e me fazem atravessar todo esse mar. Navegar me dá a certeza de é isso o que mais me deixa motivado e relaxado. Esse é o sentido da minha vida.

Estou sozinho novamente.

Mas pelo menos, estou em paz.

Sento sobre a ponta, balançando meus pés para fora. Sinto uma onda erguer o meu chão. Através dos meus óculos escuros, me inclino para baixo e não seguro o sorriso.

Me apoio na borda de ferro, encontrando ele.

As águas claras me permitem ver os tecidos da sua roupa ondulando enquanto boia de braços abertos. Suas pernas estão bem ali, mas a sua habilidade em dar piruetas e mergulhar mais profundamente era sobrehumana.

Só tinha algo que eu não conseguia entender.

Jungwoo não tirou o manto que usava nenhuma vez, ele até mesmo nadou naquelas vestes, deixando tudo encharcado ao subir para que seguíssemos viagem.

O barco finalmente aborda a costa de Seul-do, o meu ponto de partida.

Enquanto ancoro, somos abordados por oficiais da guarda costeira que exigem que a gente deixe tudo para trás e siga com eles. Alegam que eu estava desaparecido e que meu paradeiro foi denunciado pelos meus amigos, que nós passaríamos por alguns exames e depoimentos e depois seríamos liberados.

Contei sobre a tempestade e sobre o meu barco ter encalhado, contei sobre ter sido picado por uma serpente e por conta disso precisei ser examinado imediatamente. Os enfermeiros aplicaram um soro antiofidico para a minha segurança, mesmo que eu não estivesse sentindo absolutamente mais nada.

Jungwoo foi acuado na cama ao lado da enfermaria, a cortina estava fechada, mas eu podia ouvir suas reclamações. Ele estava assustado. Não se deixava ser tocado por ninguém. Puxo a cortina, me aproximando da sua maca.

- Não encoste em mim! - ele grita com o enfermeiro.

- Jungwoo-ya, ele só vai te examinar, é normal.

- Não quero ser examinado.

O enfermeiro de mãos enluvadas segura o algodão embebido em álcool e a agulha.

- Ele está desidratado, precisamos aplicar o soro e medir a sua pressão.

- Não quero ser tocado.

- Eu vou convencê-lo - garanto ao enfermeiro, que me entende e se afasta.

- Jaehyun-ah! - Ouço a voz de Youngho me chamar, ele chega ao lado de Doyoung.

Meu amigo me abraça fortemente, como se sua vida dependesse disso, então se esquiva para me olhar.

- Que vontade de dar um soco nessa sua cara pálida, eu te falei para não ir!

- Foi só uma chuvinha, eu sobrevivi.

- Nós quase morremos de preocupação! Tivemos que acionar a guarda costeira, tem noção?

Levo o meu olhar a Doyoung, que me olha perplexo, ele também me abraça.

O Segredo do Oceano •  JaeWooOnde histórias criam vida. Descubra agora