Tentei chamar Doyoung para ir embora, mas ele estava bêbado e só soube sorrir e dizer que eu deveria aproveitar mais a vida. Parece até que esqueceu do seu compromisso na Academia Coreana de Ciências o qual está falando desde o início da semana.
Decidi voltar para casa sem ele, já que Youngho prometeu que pegariam um táxi para voltar. Durante a madrugada, enquanto eu dormia, ouvi um barulho estranho na sala, como se algo tivesse caído no chão. Doyoung estava bêbado o bastante para chegar tropeçando, mas era um alívio saber que tinha chegado em segurança, por isso virei para o outro lado e voltei a dormir.
Responsável como é, eu acreditei que ele acordaria por conta própria e estaria de pé bem cedo para ir ao seu compromisso, mas estranhei quando saí do banho e Doyoung ainda não havia levantado.
Visto uma roupa e passo pela sala, vendo o abajúr jogado no chão. Deve ter sido isso que caiu de madrugada. Pego o objeto e coloco de volta sobre a mesa ao lado do sofá. Vou em direção ao quarto do dorminhoco e dou dois toques contra a porta.
— Hyung? Já está acordado? Ande logo, está ficando tarde.
Doyoung não me responde.
— Te disse para não exagerar ontem, cara, precisa levantar ou vai se atrasar pro exame.
Ele segue sem reação.
Sei que se eu não insistir, Doyoung vai jogar a culpa do seu atraso toda em mim por não ter jogado um balde de água na cama enquanto ele dormia.
Decido puxar a maçaneta para chamá-lo outra vez, mas sou surpreendido com algo que me faz ter falta de ar.
A cena é a mais inacreditável da minha vida. Paro qualquer raciocínio. Qualquer ação. A surpresa era tanta que cheguei a esquecer o que vim fazer aqui, meus olhos permanecem arregalados num Doyoung sonolento e sem camisa, que empurra o cotovelo no colchão para se erguer e dar uma olhada ao redor.
Ele e Youngho. Dormindo na mesma cama. Sem roupa alguma.
Doyoung também se assusta quando acidentalmente bate no corpo apagado ao seu lado e ao me ver na porta, salta da cama para ficar sentado. Ele esfrega as mãos na cabeça enquanto Youngho está adormecido como uma rocha.
Não aguento mais um segundo olhando essa cena.
Largo a maçaneta e saio do quarto, dando a eles privacidade. Levo a mão até a boca, desejando que o momento anterior não passasse de coisa da minha cabeça. De uma alucinação. Eu fantasiei, foi enganação. Não foi o que vi.
Tudo isso se confirma real quando Doyoung me segue, fechando a porta e agora vestido numa camiseta. Seus pés descalços seguem na minha direção e eu quase solto um grito de susto quando me viro e me deparo com ele.
— Jaehyun-ah! — ele sussurra alto.
— Que merda é essa?! — sussurro de volta.
— Foi um acidente!
— Um acidente? Você escorregou e caiu por cima dele?
Doyoung segura a bancada de cabeça baixa.
— Como você deixou isso acontecer?!
— Nós estávamos bêbados! Ele estava chateado e eu perguntei o que poderia fazer por ele, foi quando nos beijamos!
— Não estou interessado nos detalhes sórdidos, por favor, pare — ergo a mão para ele.
— Isso nunca aconteceu comigo e acho que com ele também não.
Não consigo dizer mais nada. Era um absurdo de uma ponta a outra. Doyoung e Youngho sempre foram dois... amigos. Quase irmãos. Eu nunca os vi dessa maneira, mas sei que isso com certeza vai mudar o jeito como enxergo os dois. Para sempre.
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O Segredo do Oceano • JaeWoo
Fiksi PenggemarAspirante a oceanógrafo, Jaehyun enfrenta as dificuldades da faculdade que escolheu contra a vontade dos pais. E como se não bastasse, se vê obrigado a esquecer a tranquilidade que era sua vida quando conhece Jungwoo, um rapaz misterioso que aparece...