Uma pausa.

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Capítulo 16.

A água já estava fria quando o casal imperial saiu da banheira. Eles se enrolaram em roupões de algodão e, sem vontade de se vestir, deitaram-se na cama larga do quarto do imperador, olhando um para o outro.

— Porque isso é tão bom — Gulf perguntou, rindo.

— Talvez eu quem seja bom no que faço — Mew riu de volta ao receber uma careta do esposo.

— Mesmo você sendo um chato egocêntrico, com complexo de superioridade... eu gosto de você — Gulf suspirou, fechando os olhos.

O sorriso de Mew sumiu lentamente enquanto ele encarava seu esposo. Seu olhar se tornou profundo, como se o enxergasse pela primeira vez de uma forma completamente nova e diferente.

— Você sabe ser um bom amigo — Gulf completou, alheio ao olhar que recebia — Mesmo que tenha sido um completo babaca no começo, está sabendo compensar agora.

O silêncio de seu parceiro fez Gulf abrir os olhos para ver se Mew havia dormido. Foi surpreendido pela forma com que ele lhe encarava.

— O que foi? — Perguntou.

Mew não respondeu, ele apenas virou de barriga para cima e começou a contar os desenhos minuciosos do teto.

— Eu gosto de você também — Falou, seu rosto ardia, mas ele tentava disfarçar — É como se pudesse falar sobre qualquer coisa com você. Estamos presos um ao outro de qualquer forma, é bom que seja com alguém que gostamos.

Gulf sorriu.

— Você está certo — Concordou.

— Como você acha que serão nossos filhos? — Mew questionou de repente — Do que gostarão? Puxarão coisas de nós? Será que gostarão de mim? Como se conecta com uma criança? Não é algo que ensinam nos livros...

Gulf queria rir, queria encontrar palavras para tranquilizar Mew em relação a filhos, mas tudo que conseguia pensar era o fato de que eles não viriam.

Ele foi tomado por um frio e sensação de perda grandioso. Passou tanto tempo fingindo ser seu irmão, que, por um instante, esqueceu que era infértil. Que não poderia gerar os príncipes e princesas de Solaris.

Nunca foi sua função, mas lembrar que Mew não era o seu marido o atingiu como um balde de água fria como gelo. Havia esquecido o quão impotente era, o quão frágil era sua situação.

Sentiu a raiva, a tristeza e a revolta o atingirem com força, como se todo esse tempo estivessem atrás de uma barreira que ele construiu com aquela mentira e, finalmente, a barreira havia se rompido.

Mew notou quando seu esposo começou a se encolher, o olhar de pura tristeza que tomou seu rosto. Viu ele colocar a mão sobre o local onde sabia estar a marca do dragão, então se preocupou de verdade.

— Não estou cobrando nada — Se apressou a dizer — Está tudo bem não termos filhos agora, além do mais tem todo aquele problema com-

— Está tudo bem — Gulf o cortou — O trono precisa de herdeiros mesmo e... bom, eu-

— Não temos pressa — Mew ergueu o corpo para se aproximar, colocando a mão sobre a de seu esposo — Ainda está cedo, não precisamos ter filhos apenas porque é esperado de nós.

Gulf apenas concordou com a cabeça, ficando em um longo silêncio após isso. Fechou os olhos apenas para evitar contato.

Queria gritar para ele que tudo o que tinham era baseado em uma mentira, que sequer eram casados de verdade, que nunca poderia dar filhos para ele e isso o tornava péssimo para a coroa.

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