Pronunciamento.

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Capítulo 19.

Gulf estava sentindo na pele a agonia de lidar com o estressante conselho imperial.

Os membros viviam em constante briga; ofendendo-se verbalmente e contrariando uns aos outros nas tomadas de decisões. Mesmo com uma guerra se aproximando, os membros estavam divididos entre enviar o exército para impedir o avanço do inimigo ou reforçar apenas a defesa da capital e aguardar que chegassem.

As discussões sempre se intensificavam e não chegavam a lugar algum. Acabavam trocando farpas um com os outros; ninguém trazia algo útil e, se trouxessem, não conseguia verbalizar graças as brigas.

Gulf tentava contê-los, funcionava apenas por alguns instantes, até que começassem a brigar novamente. Sem a presença de Mew, eles não se continham na hora da troca de xingamentos.

Aquilo continuava até que a paciência de Gulf se esgotasse e ele encerrava a reunião.

Não estava sendo fácil. Tinham uma guerra se aproximando e ele precisava lidar com outras guerras entre os conselheiros.

— Vossa majestade tem autoridade para calá-los também — Bright falou após mais uma reunião malsucedida.

— Mas não tenho o respeito deles — Gulf suspirou, exausto — Não importa o quanto eu grite, o quanto passe ordens, eles não me ouvem! Até Mew tinha esse tipo de problema...

Gulf caminhava pelo corredor com seu rumo em mente. Em meio a todo aquele caos, nem mesmo seu jardim pessoal se tornava confortável, pois sentia-se observado à céu aberto. Parecia haver olhos para todo lado agora; em cada pedra, cado jarro, cada cortina, cada cômodo em que estivesse, ele sentia-se observado.

Apenas um lugar fazia aquele sentimento desaparecer. Gulf parou diante da porta e a abriu sem hesitar, adentrando o quarto.

Sem que precisasse de ordens, Bright ficou à porta.

— Bom dia, vossa majestade imperial — Win, o médico jovem, cumprimentou, sorrindo com os dois dentes da frente maiores que os outros.

— Olá, Win — Gulf apenas acenou com a cabeça, parando diante da cama — Como ele está?

— Ainda inconsciente, mas está com a respiração mais forte — Win tentou soar tranquilizador — A cicatrização está indo bem. Entretanto receio que ainda não há previsão para que ele acorde.

Gulf tentou não expressar o quanto aquilo o deixou triste e aflito.

— Compreendo — Falou — Deixe-nos à sós, por favor.

Win se curvou para o imperador, então se retirou junto de seu auxiliar.

Gulf se aproximou da cama com passos lentos e leves. Deitado sob os lençóis estava Mew, inconsciente há mais de cinco dias; ele estava pálido, com os lábios rachados e o cabelo bagunçado.

Era extremamente doloroso olhar para ele naquele estado.

— Olá, querido marido — Gulf sorriu triste, sentando-se ao lado dele na cama — Estou ficando preocupado com você. É difícil forçá-lo a beber água, mas você não come, já está ficando mais magro... — Gulf olhou ao redor, apenas para se certificar que não havia ninguém — Preciso que me ajude, Mew. Eu não sei o que fazer, não sei como... fazer isso sem você — Algumas lágrimas molharam seus olhos — Não me deixe aqui sozinho, por favor.

Ele segurava a mão de Mew, as lágrimas pingavam no colchão como chuva. Não conseguia dormir direito, era atormentado por pesadelos e por discussões intermináveis no conselho. Precisava de ajuda e não tinha onde buscar.

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