Capítulo 30.
O calabouço era escuro e fedorento, ratos se decompunham pelos cantos e de algum lugar pingava um líquido escuro que ninguém saberia dizer o que é.
Um longo corredor de pedra era iluminado por poucas tochas, existia apenas uma única entrada e uma única saída, com uma única abertura gradeada que não permitia acesso. As portas de madeira grossa eram reforçadas com outra grade. Uma prisão inescapável.
Aqueles que apodreciam por trás daquelas portas realmente apodreciam, pela falta de luz e a umidade, o mofo facilmente proliferava em suas roupas e peles. Poucos conseguiam manter a sanidade naquele lugar; os próprios guardas não suportavam muito.
Em meio à toda aquela sujeira, botas de couro caras e perfeitamente polidas, caminhavam pelo corredor, os passos ecoando dentre as celas. A capa vermelha rica em detalhes esvoaçava atrás da figura.
— É aqui, majestade — O guarda falou, ele guiava a pessoa com uma tocha em mãos.
— Abra a porta — Ordenou.
O guarda acenou e fez o que lhe foi pedido, inserindo uma chave na fechadura e destrancando a cela.
— Esperem aqui fora.
Aquele chamado de majestade pegou a tocha do guarda e adentrou a cela.
Um casal se encolhia nos cantos, cada um de um lado, como se quisessem evitar um ao outro. Os cabelos estavam desgrenhados e as roupas esfarrapadas e sujas, nunca chegaram a tal estado em todas as suas vidas.
O casal se virou para a figura que adentrou sua cela e a mulher, que estava encolhida, praticamente saltou em seu lugar.
— Você! — Ela gritou, a voz rouca e desesperada — É tudo culpa sua! VOCÊ NOS CAUSOU ISSO.
A figura apenas deu um passo a frente, sorrindo quando viu o casal se encolher.
— Vocês causaram isso a si mesmos — Ele falou — Por tudo o que fizeram comigo e meu irmão.
— Gulf, você-
— É majestade! — Gulf a cortou — É majestade imperial agora. É assim que você deve se referir a mim.
O casal olhou um para o outro, Kino engoliu em seco, os lábios ressecados de sede.
— Ele realmente se casou com você... — Kino sussurrou.
— Isso não importa! — Malus insistiu — Você nunca será imperador de verdade. Não pode dar um herdeiro para o trono, logo será substituído e voltará rastejando para nós. Vai pagar por tudo que estamos passando!
Gulf olhou para o casal e quis rir. Ver seus pais em uma situação deplorável era irônico demais para não ser engraçado. Durante toda a sua vida esbanjaram sua riqueza no nariz de todos, forçaram os filhos ao ridículo para entrar para a família mais influente do império para manter seus status e, no final, seus próprios filhos foram sua ruína.
— Você realmente é patética — Falou, quase sentindo pena de sua mãe. Quase — Eu só vim até aqui, pois precisava olhar para vocês assim, refletindo o que sempre foram por dentro. E para que vissem quão longe "filhote improlífico" chegou.
Gulf havia colocado sua coroa justamente para aquela ocasião. Queria que seus pais guardassem sua imagem imponente até o último segundo de suas vidas; que soubessem no momento que dessem sua respiração final que, se houvessem sido pais melhores, tudo seria diferente.
— Isso é tão infantil — Malus falou — Veio até aqui apenas para se gabar das suas joias novas. Aproveite enquanto pode, ingrato.
— Oh, mas eu não vim até aqui só para isso — Gulf riu — Eu não perderia meu tempo vindo ver vocês. Vim até aqui para buscá-los; o dia de sua execução chegou.
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Lugar de Imperador.
FanfictionO imperador Mew Suppasit iria finalmente se casar com um homem especial, capaz de gerar filhos. Seria o maior casamento do reino. Isso, é claro, se o noivo, Type, não tivesse fugido um dia antes da cerimônia, restando para seu irmão gêmeo, Gulf, ass...