Campo.

881 136 341
                                    

Capítulo 17.

O castelo de campo da família imperial, conhecido também como Castelo amarelo, tinha uma vasta plantação de flores amarelas, que decoravam os jardins, os girassóis eram a verdadeira joia do castelo, tendo o campo inteiro dedicado a eles.

Gulf já imaginava como seria passar horas naquele jardim. O cheiro leve dos girassóis combinado com uma xícara de chá parecia uma junção perfeita para suas tardes.

Ele gostava da capital, da energia contagiante que a cidade passava, o mercado que abria cedo e fechava tarde; sempre havia o que fazer. Entretanto, também era cansativo, como se a cidade se alimentasse de energia, sugando a de seus habitantes para se satisfazer.

O silêncio e a calmaria do campo era algo que qualquer um precisava de vez em quando, um descanso merecido.

Ele e Mew foram recebidos pela governanta e todos os servos do castelo. Os quartos deles eram separados, mas posicionados de frente um para o outro.

— A última vez que vim aqui, foi com meus pais — Mew confidenciou enquanto o casal passeava pelos corredores — Sempre no aniversário da minha mãe. Eu e ela tínhamos isso em comum, adorávamos quando saíamos do castelo. Ela vivia tão confinada quanto eu.

Gulf ouvia tudo atentamente, não dando atenção para as pinturas caras nas paredes, mas dedicando-a inteiramente a Mew.

— Como seu pai era? — Perguntou com cautela.

Mew suspirou, parando exatamente diante de uma pintura de sua família, onde seu pai o encarava com uma expressão rígida, sua mãe segurava a falecida princesa nos braços e o pequeno Mew lutava para manter a postura.

— Meu pai era grosso — Falou — Ele tinha um pavio curto, conseguia fazer as palavras mais tranquilizadoras parecerem uma ameaça. Ele e minha mãe viviam brigando.

Gulf encarou a pintura, tentou não sentir tanta tristeza ao encarar a bebê nos braços de Indira, mas foi impossível. A imperatriz mãe realmente parecia mais feliz, segurando a filha com delicadeza, como se carregasse a própria vida nas mãos.

— Eu nasci para ser o herdeiro do meu pai, o futuro imperador — Mew falou, notando o olhar do esposo — Mas minha irmã era a filha da minha mãe. Não era presa por títulos ou obrigações, não era "apenas" uma princesa, era um sonho de uma mulher.

Aquilo foi o suficiente para Gulf realmente ficar triste por Indira. Ele era infértil, sabia disso, então, se pudesse ter um filho e seu sonho realizado, apenas para ele morrer subitamente, não suportaria. Talvez se tornasse mais amargo e cruel que Indira.

— Ninguém deveria ser forçado a enterrar o próprio filho — Gulf falou, tocando a pintura com pesar.

— É verdade — A voz de Mew falhou e ele se afastou da pintura com certa pressa — Venha, quero mostrar uma coisa a você.

Gulf o acompanhou pelo corredor até uma saída lateral da casa, as portas de vidro davam vista para o jardim de flores amarelas, mas Mew seguiu até a floresta, passando entre as árvores sem problema, já sabendo aonde ia.

Quando ele finalmente parou, Gulf viu flores cor de rosa para todo lado. Ramos que escalavam árvores, arbustos selvagens e um tapete natural de flores, tudo em diferentes tons de rosa.

Mas foi o bloco de concreto no centro da clareira que lhe chamou a atenção. Mew não se aproximou, mas sinalizou para que seu esposo o fizesse.

Gulf caminhou lentamente até o bloco, que era quase tomado pelas flores, deixando apenas o espaço para uma placa de ouro.

Lugar de Imperador.Onde histórias criam vida. Descubra agora