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Eu estava completamente fascinado

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Eu estava completamente fascinado.

Cada momento ao lado dela se tornava um abismo mais profundo em que eu me perdia. Charlotte era como um furacão, um turbilhão de inteligência, humor e beleza, e a cada risada, meu mundo, já obscuro, tornava-se mais turvo.

Talvez fosse essa diferença que me atraía. Ela era tudo que eu não era, uma luz ofuscante em minha existência sombria, mas havia algo em suas irmãs que não despertava a mesma chama em mim. Não havia comparação.

Charlotte me consumia.

Passamos o dia inteiro juntos no clube, e eu não conseguia desviar o olhar. Era impossível ignorá-la; seu brilho iluminava cada canto sombrio da sala. Suas risadas ecoavam como música, e seu toque, mesmo que acidental, incendiava minha pele. Essa sensação era diferente de qualquer prazer que eu experimentara ao torturar alguém. Embora os pensamentos sombrios que me acompanhavam não se afastassem.

Era como se eu quisesse pegá-la e levá-la para um lugar onde ninguém pudesse nos encontrar, um santuário isolado apenas para nós dois. Poderíamos ser livres, longe de qualquer julgamento, para que eu pudesse explorar todos os seus segredos mais profundos e fazer o que quisesse com ela.

A profundidade dos meus pensamentos me assusta. Não deveria me sentir assim. A conheci há poucos dias, e estava ciente de que ela não compartilhava do mesmo fervor. Não seria justo aprisioná-la a alguém tão complicado quanto eu. Minha vida era uma sombra, enquanto ela era luz.

Mas eu era egoísta. Egoísta o suficiente para querer Charlotte só para mim.

E ela seria minha.

Não me importo em esperar. Eu a faria sentir o mesmo a cada vez que ela se aproximasse de mim, e uma vez que isso acontecesse, não haveria como voltar atrás.

Desde a infância, sempre me senti consumido por uma obsessão possessiva por objetos, brinquedos, livros, qualquer coisa que eu pudesse controlar em um mundo caótico. Essas coisas eram minhas âncoras, permitindo-me escapar da insegurança que permeava minha vida. Nunca tinha sentido essa necessidade avassaladora por uma pessoa, mas agora, ao olhar para ela, tudo mudava.

Era como se cada fibra do meu ser clamasse por possuí-la, e essa conexão me assustava, desafiando as barreiras que sempre mantive ao meu redor. Pela primeira vez, eu me via vulnerável, preso a um desejo que transcendia a simples possessão, e isso me deixava em um estado de confusão e inquietação.

Saio dos meus devaneios quando a porta do meu escritório se abre abruptamente, e meu pai entra sem bater.

— Bata da próxima vez — digo, desviando meu olhar dos documentos que cobrem minha mesa.

Não preciso manter a fachada de bom príncipe diante dele. Ele foi quem me ensinou a ser assim, a mascarar o que realmente sou sob um sorriso impecável. Apesar dos rumores que circulam sobre a psicopatia que corre nas veias da família imperial, nunca acreditei nessas histórias, mas não ficaria surpreso se houvesse algum fundo de verdade. Sempre achei que o que fazemos é apenas uma forma de manter a ordem, de impor a justiça àqueles que merecem, mesmo que essa justiça seja distorcida e cruel.

Lancaster IOnde histórias criam vida. Descubra agora