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Passei por muita merda na minha vida

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Passei por muita merda na minha vida. Coisas que qualquer adolescente acharia um verdadeiro inferno. Mas eram problemas normais, ou pelo menos eu achava que eram. Brigas, notas baixas, aquela típica sensação de inadequação que todo mundo sente em algum momento. Problemas. Só isso.

Mas nada, absolutamente nada, me preparou para o que estou vivendo agora.

A ansiedade me corrói de dentro pra fora, como ácido queimando minhas entranhas. As crises vêm sem aviso, um segundo estou bem, no próximo, parece que o mundo inteiro está desmoronando. E os ataques de pânico... Deus, eu perco o controle. Meu coração acelera, minhas mãos tremem, e o ar parece sumir. Como se estivesse me afogando enquanto estou de pé. E os pesadelos? Cada noite, eles voltam. Ele volta. Sempre ele. Sempre aquela noite. E o medo, um medo tão visceral que me impede de entrar num banheiro, qualquer banheiro, até mesmo os da minha própria casa.

Que merda.

Eu não sei se isso me deixa mais triste ou com raiva. Talvez os dois. É um nó tão apertado no meu peito que eu mal consigo respirar. Eu deveria estar lidando melhor com isso, mas como você aprende a viver com o terror constante? A verdade é que eu não teria conseguido chegar até aqui sem a minha família. Eles têm sido meu porto seguro. Sem eles, eu estaria perdida, completamente à deriva.

Emma fica comigo no banheiro quando estou mais vulnerável, sentada no chão frio do azulejo, enquanto eu tento tomar banho sem desmoronar. Anne lê pra mim todas as noites antes de dormir, as histórias suavizando os ecos do medo. Mamãe passa o dia ao meu lado, tentando me distrair com suas piadas, mesmo que ela mesma esteja à beira de desmoronar. E meus avós... Eles me garantem que isso nunca vai acontecer de novo. Que ele nunca vai me machucar novamente.

Mas será que isso é verdade?

Porque ele ainda está lá fora. Vagando, esperando. Eu sinto isso. Mesmo quando fecho os olhos, posso sentir a presença dele, como uma sombra que nunca desaparece. Ele está à espreita, aguardando o momento certo. E quando ele voltar, porque eu sei que ele vai voltar, será que conseguirei escapar de novo?

Às vezes me pergunto... É deprimente admitir que estou apenas esperando o dia da minha morte? Um pouco, talvez. Mas quando você já esteve a um fio de ter sua garganta cortada, a ideia de que esse dia vai chegar não parece tão distante assim. E se você soubesse o que eu sei, teria o mesmo medo.

Mas nos últimos tempos, tem uma outra preocupação que me consome. Algo tão aterrorizante quanto.

James.

O desgraçado do meu pai.

O que ele quer voltando agora, depois de tanto tempo? É claro que a resposta é simples: dinheiro. Sempre foi isso. Mas ele não tinha outra maneira de conseguir o que queria? Tinha mesmo que voltar para destruir nossas vidas outra vez? Como se o que ele fez com a minha mãe não fosse o suficiente. Ele saiu impune daquela vez, graças ao medo dela, que o calou. Ela nunca teve coragem de denunciá-lo, e ele aproveitou isso para desaparecer.

Lancaster IOnde histórias criam vida. Descubra agora