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Eu estava flutuando

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Eu estava flutuando.

Flutuando como se estivesse em uma piscina, boiando de costas na água, relaxando sob a suave carícia do líquido frio em minha pele. A sensação era tranquilizadora, mas, em um instante, eu me vi afundando, meu corpo se debatendo e lutando pela sobrevivência em um mar de desespero. Era um contraste brutal, e era assim que me sentia a maior parte do tempo, perdida entre a calmaria ilusória e o terror avassalador que se aproximava.

Faziam cerca de oito horas que eu estava aqui, enclausurada neste quarto que cheirava a antisséptico, as paredes pintadas de um branco frio e impessoal. Os médicos haviam conseguido estancar o sangramento do meu pescoço; um milagre, realmente. Eu estava morrendo, e se não fosse pela intervenção rápida deles, já teria deixado este mundo.

Meus olhos vagaram até a janela, onde a luz do sol filtrava-se por entre as cortinas, criando padrões de luz e sombra que dançavam no chão de linóleo. A cada pulsar da luz, eu sentia a ilusão de calor e conforto, mas a verdade era que eu estava sentada na cama da casa dos meus avós, e eles achavam que era melhor me trazer o mais rápido possível. Aqui, acreditavam que eu poderia encontrar paz, longe do local onde tudo aconteceu, mas a paz parecia uma miragem distante.

Na verdade, o que eu sentia não era calma, mas um estado de anestesia emocional. Um vazio profundo e angustiante se instalava dentro de mim, um eco constante que fazia minha mente vagar em um ciclo de questionamentos. Quando será a próxima vez?

Eu sabia que meu pai não voltaria, e que Frederick se certificararia disso. No entanto, não conseguia silenciar os pensamentos ruins que se espalhavam como um veneno, corroendo cada pedaço de esperança. E se ele me encontrasse novamente? Era a segunda vez em dois meses. Cada mês trazia um ataque diferente. O que estaria reservado para mim no próximo mês? O que poderia acontecer agora?

Mês que vem.

A percepção me atingiu como um soco no estômago, um impulso de pânico que me deixou sem ar. Minha respiração acelerou, batendo contra meu peito como um tambor enlouquecido. Mês que vem eu estaria de volta à Califórnia, longe de Londres e, mais importante, longe de Frederick.

 A ideia de não tê-lo por perto me deixou tonta, um sentimento de perda que me envolvia como um manto pesado. Eu não poderia mais correr para a casa dele à noite, não poderia mais compartilhar aquelas manhãs despreocupadas, e as tardes passadas explorando galerias de arte, nem ir aos domingos mostrar minhas novas pinturas na aula de artes. Ele não estaria lá quando os ataques de pânico viessem me assolar novamente, como sombras que surgem nas horas mais sombrias.

O aparelho que monitorava meus batimentos cardíacos começou a apitar freneticamente, um alerta cruel que refletia a tempestade em meu interior. Tentava respirar fundo, tentando me acalmar, mas a ansiedade se transformava em um monstro, enredando-se em meus pensamentos como um serpente. 

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