A porta se fecha, e o som ecoa pelos meus ouvidos como um trovão. Cada batida do meu coração parece uma explosão dolorosa no meu peito. Ele se foi, mas deixou uma tempestade dentro de mim.
Frederick me segura com firmeza, mas, por mais que eu sinta a segurança em seu toque, nada pode aplacar o pânico que rasteja pela minha pele. Meus joelhos estão fracos, e eu nem percebo que estou me segurando nele com tanta força que minhas unhas cravam em seu braço.
— Charlotte, respira — ele diz, sua voz baixa, controlada, como se tivesse medo de me quebrar.
Mas eu já estou quebrada.
— Meu pai... Ele é... — As palavras saem rasgadas da minha garganta, e parece que o ar está sendo sugado para fora dos meus pulmões. As peças do quebra-cabeça que nunca fizeram sentido agora caem no lugar, e eu odeio isso. Odeio a verdade. Odeio o que fui forçada a descobrir.
Minhas pernas falham de vez, e Frederick me ampara, me puxando contra seu peito. Posso ouvir as batidas firmes de seu coração, mas isso só me faz sentir mais perdida. O mundo ao meu redor desmorona, enquanto tudo que eu acreditava se dissolve em algo que nunca vi vindo.
— Não acredito... — Murmuro, minha voz tremendo tanto quanto meu corpo. — Eles esconderam isso de mim. Por quê?
Minhas mãos começam a tremer incontrolavelmente, e, sem pensar, tento afastar Frederick. Eu não consigo suportar ser tocada agora, não depois de tudo. Mas ele não me solta.
— Fica calma. — Sua voz soa como uma ordem, mas também como um pedido desesperado. — Não precisa enfrentar isso sozinha.
Eu rio. Uma risada amarga e sufocada que escapa dos meus lábios sem controle.
— Não sozinha? — Minhas palavras saem entrecortadas. — Como você espera que eu enfrente isso, Frederick? Ele... Ele é meu pai, e eu nunca soube.
Mas, mesmo enquanto digo isso, não sinto raiva deles. Não da minha mãe, nem da minha avó. No fundo, entendo por que esconderam isso. Eles estavam me protegendo. James nunca foi uma figura que deveria ter sido parte da minha vida. Eu sei disso. Sei que se eles esconderam essa verdade, foi porque acreditaram que seria o melhor para mim.
Mas isso não impede a dor. Não impede o choque de ser confrontada com ele, de ver aquele homem ali, na minha frente, depois de tantos anos vivendo sem uma única palavra sobre ele.
Meus joelhos cederiam de novo se Frederick não me segurasse. Sua mão é um ponto de ancoragem em meio ao caos que tomou conta de mim. O peso da realidade é esmagador, e, mesmo entendendo o porquê, ainda dói. A ausência dele era algo que eu nunca questionei até agora, e isso me faz sentir como se estivesse perdendo o chão sob meus pés.
— Eu... Eu entendo por que eles nunca me contaram, mas... Frederick, como eu deveria lidar com isso agora? — Minha voz quebra, os olhos cheios de lágrimas que finalmente caem, silenciosas, quentes.
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Lancaster I
Romance•Primeiro livro da série Lancaster Charlotte sempre tentou viver à margem dos holofotes, apesar de pertencer a uma das famílias mais influentes do mundo. Determinada a ter uma vida comum, ela se mantém distante dos eventos da alta sociedade que a ce...