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Se alguém tivesse me dito há um mês que eu estaria no Havaí com Frederick, o herdeiro do trono inglês, cercada por seus amigos, eu teria rido

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Se alguém tivesse me dito há um mês que eu estaria no Havaí com Frederick, o herdeiro do trono inglês, cercada por seus amigos, eu teria rido. O quão absurdo isso soa? Eu? No meio deles? A ideia parecia impossível, ridícula. Mas agora, deitada nessa espreguiçadeira com o sol me cegando e a brisa quente acariciando minha pele, eu percebo que não há nada de normal nessa realidade.

Minha vida sempre foi um caos controlado, mas ultimamente, tudo parece estar saindo do controle. A pressão da minha família, o atentado que quase me tirou a vida e, o mais perturbador, o retorno dele. Um homem que eu nunca conheci e que, honestamente, nunca quis conhecer. Ele apareceu do nada, quebrado, desgastado, com roupas que cheiravam a miséria e olhos que me seguiam como uma sombra. Só de pensar em James, um arrepio percorre minha espinha. Há algo profundamente errado nele, algo que me assusta mais do que eu estou disposta a admitir.

Aqui, longe da Inglaterra, longe dele, deveria ser o meu refúgio. O lugar onde eu finalmente poderia respirar. Mas mesmo no meio desse paraíso, cercada pelo luxo que Frederick cuidadosamente preparou, eu sinto que algo está prestes a ruir. Frederick organizou tudo, o resort cinco estrelas, as suítes que parecem palácios, os jantares exclusivos em restaurantes que você só vê em filmes. Ele fez isso por mim. Ele sempre faz as coisas por mim. 

E essa é a questão, ele controla cada detalhe, cada parte de mim, mesmo quando não diz nada. Ele é uma presença constante, dominando tudo sem sequer precisar levantar a voz. Eu sei que deveria ser grata por todo esse esforço. Ele quer que essa viagem seja perfeita. Para nós. Mas... por mais que eu tente, não consigo afastar essa inquietação que cresce dentro de mim.

Frederick queria que fôssemos só nós dois, que tivéssemos esse tempo sozinhos. Ele não disse isso com palavras, mas estava implícito em cada olhar. O controle. Mas eu não podia deixar minhas irmãs para trás, não no meio de todo aquele caos. Pedi que Alaric e Isaac viessem, e Frederick cedeu, embora eu saiba que ele não gostou. Ele jamais admitiria isso, é claro. Porque Frederick nunca perde o controle. Nem de mim, nem da situação.

— Qual é, você não pode fazer isso, cara! — Isaac praticamente late, sua voz carregada de indignação, os olhos fixos em Frederick, que apenas ergue uma sobrancelha, desinteressado.

— Não vejo o porquê de não poder. — Frederick responde com um tom preguiçoso, como se as palavras de Isaac não fossem mais do que um incômodo menor. Como se controlar tudo fosse sua prerrogativa.

Isaac solta uma risada incrédula, o tipo de riso que nasce quando você percebe que está perdendo para uma força muito maior do que você. — Não tem como fazermos uma viagem entre amigos e não dividirmos os quartos. Como vamos fazer festa do pijama?

Frederick só revira os olhos, o desprezo claro na expressão dele, enquanto o silêncio pesado se instala por um segundo. Então, Alaric, sempre afiado, se inclina para frente.

Lancaster IOnde histórias criam vida. Descubra agora