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Nunca imaginei que me sentiria assim, como se houvesse uma sombra constante pairando sobre mim

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Nunca imaginei que me sentiria assim, como se houvesse uma sombra constante pairando sobre mim. Eu sempre via aqueles filmes, séries de crimes e casos policiais, e ficava me perguntando como as pessoas conseguiam seguir em frente depois de passar por algo tão cruel, algo que mudava tudo.

Agora, a pergunta parece se repetir na minha cabeça a cada dia. E ainda não sei a resposta.

O medo de entrar no banheiro sozinha. Uma sensação incontrolável que aperta meu peito sempre que a porta se fecha atrás de mim. A vontade, quase obsessiva, de mudar minha aparência. Pintar meu cabelo, esconder tudo, esconder o que ele viu, o que ele sabia sobre mim. Usar lentes de contato para esconder o que ele reconheceu. Para desaparecer. Para ser outra pessoa.

Essas ideias não saem da minha cabeça, presas ali como o eco daquela noite, da faca cortando minha pele, o calor do sangue escorrendo pelo meu pescoço, pegajoso, viscoso. E, ainda assim, a imagem mais vívida é aquela. Os olhos dele. O prazer distorcido no olhar, como se me ver ali, vulnerável, só o excitasse mais. Ele sabia quem eu era. Ele gostava disso.

Era quase impossível fugir das memórias. Da sensação, do som. Da dor. Eles se amontoam, esmagam meus pensamentos. Revivem tudo. O que aconteceu. O que poderia ter acontecido. E a sensação de impotência. Isso não vai embora, não importa o quanto eu tente.

As sessões com a psicóloga têm sido um alívio, uma válvula de escape. Ajudam a tirar o peso, a tentar colocar as coisas no lugar. Ela me ajudou a perceber que pintar meu cabelo, tentar mudar minha aparência, não vai apagar o que ele fez. Mas a ideia de desistir de tudo, de mudar, de sumir, foi algo que eu quase deixei dominar meu pensamento. E, de certa forma, ainda luta para me engolir. Vou ser eternamente grata a ela por isso.

Mas, há algo mais. Algo que talvez eu nem queira admitir.

Frederick.

Ele foi o que me manteve à tona, mesmo sem saber. Aquele olhar, o jeito como ele não me deixou cair. Mesmo quando tudo parecia quebrado. Não era só a proteção que ele oferecia, mas o jeito como ele parecia entender, mesmo sem precisar que eu falasse. Como se ele sentisse cada pedaço da dor, como se ela fosse dele também.

Eu nem sei como começar a agradecer a ele. Se não fosse por Frederick, eu nem queria imaginar o que teria acontecido comigo. Ele tem sido tão cuidadoso, tão presente, de uma maneira que eu nunca esperei. Está sempre aqui, fazendo tudo o que pode para me ajudar. Compra qualquer comida que eu peça, até as coisas mais bobas que me passam pela cabeça.

Seria mentira dizer que não estou começando a vê-lo de outra forma. Seria burrice da minha parte ignorar o que está acontecendo. Mas... eu realmente gosto dele? Ou é só gratidão?

Às vezes, me pergunto. Eu já gostava dele antes de tudo isso acontecer? Ou foi o que aconteceu que fez eu perceber coisas que não queria admitir? Não me sinto mais tão segura com minhas certezas. E ele... ele não é nada do que eu imaginei. Quer dizer, o Frederick que conheci no meu segundo dia aqui não tem nada a ver com o homem que ele está se tornando. Às vezes, parece que ele é outra pessoa, alguém que está começando a me entender de uma maneira que eu mesma não sabia que precisava.

Lancaster IOnde histórias criam vida. Descubra agora