A Transferência

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__ Aquele desgraçado estuprou e matou uma criança de três anos.__ Gritei revoltado.__ E ainda debochou do sofrimento dos pais da garota.

__ Isso não te dá o direito de bater do cretino.__ Caius falou ficando de pé.__ Porra Denver, você é o delegado dessa corporação, tem uma carreira a zelar, vai destruir tudo por causa de um otário.

__ Era uma criança, uma criança indefesa.__ Eu via aquela garotinha todos os dias.__ E eu não matei o Rivera.

__ Mas deixou aquele desgraçado em coma.__ O meu amigo e diretor da corregedoria parecia levar muito a sério as leis, lembrando que ele passa a mão na cabeça de pessoas como o Rivera.__ Se o Rivera morrer, ele não vai sofrer para pagar pelo que fez. Ele precisa estar vivo entendeu? Precisa viver para sofrer o bastante para pedir para morrer.

__ Entendi. O que vai acontecer comigo? Vou ser demitido?

__ A corregedoria ficou dividida.__ Droga.__ Mas você já fez mais por esta cidade e por este país do que eu ou qualquer um. Seu histórico não deixa ninguém te afastar assim.__ Mas.__ Mas você será transferido.

__ Puta merda.__ Cocei a cabeça.__ Para onde? Já decidiram?

__ Sim! Há uma cidade chamada Slow Valle, tem pouco mais de vinte mil habitantes. Comparada a Dallas, é um ovo. Você será o novo delegado por lá.__ Droga.

__ Caius, eu preciso de agitação.__ Ele riu.

__ Errado. Você precisa de um pouco de calma. Depois do caso do Rivera, você está ainda mais agressivo. Não adianta implorar, Slow Valle é a sua parada.

Me despedir dos meus companheiros de trabalho não foi difícil, eles eram apenas companheiros de equipe. Minha dificuldade mesmo foi deixar meus três amigos de infância.

Sou Denver Stallone, órfão de pai e mãe, uma fortuna que mal uso e com três amigos. Conheci os três idiotas no internato a qual estudei na adolescência. Alguns idotas com merda na cabeça agrediam um asiático magrelo.

__ Vem.__ Estendi minha mão e o ajudei a ficar de pé.__ Sou Denver.

__ Kay.__ Mesma sala naquele ano, idades diferentes.

__ Porra, não deixe eles te baterem.

__ Vou tentar me lembrar de seu conselho da próxima vez.__ Um ruivo baixinho correu até a gente.

__ Kay, você esta bem?

__ Estou. Só meu joelho que ralou um pouquinho. Esse aqui é o Denver.

__ E aí Denver, sou Armani.__ Seu nome era legal, parecia de alguém descolado. O que ele não era.

Quando me dei conta, já estava andando com o Armani, Kay e um novato chamado Vittório. Os três tinham histórias parecidas com a minha, Armani foi deixado no internato pelo pai que não ligava, não aparecia em reuniões e não vinha buscar o filho para os feriados, descobrimos mais tarde que o sr. Bravicci, pai do Armani havia adiantado o pagamento mensal dos próximos anos para que mantivessem Armani na escola até o garoto que na epoca tinha apenas quinze anos, vivesse na escola sendo cuidado por alguém até completar a maior idade. Kay foi abandonado por sua tia que lhe deixou na escola e meses depois retornou para o Japão, onde foi assassinada.

Vittório perdeu qualquer tipo de contato com sua mãe. A última vez que ele à viu foi quando ela o deixou no internato. Até onde sabemos, ela pode estar viva, assim como o pai de Armani. Já meus pais, morreram num acidente de carro. Eles trabalhavam demais, e meu jeito encrenceiro fez eles decidirem me tranferir para o internato. Só os via três vezes no ano, isso quando eles decidiam me ver. Geralmente era apenas no meu aniversário, ação de graças e natal. Mas tudo mudou com o acidente, então o advogado da família cuidou da minha herança até que eu pudesse administra-la.

DENVER - Homens de ForaOnde histórias criam vida. Descubra agora