17 - Conflitos

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Eu a encaro, como ela sabe esse nome?

Ela olha novamente a tela do celular em cima da cama, e eu o busco com minha mão para entender o que está acontecendo.

Na tela de notificações, leio a mensagem de John:

"Wherever there is air, I will be there"  - (Tradução: Onde houver ar, eu estarei lá)

MEEERDAAA! É pedir muito que essa burguesa milionária não saiba ler Inglês?

- Você tem um encontro com ele hoje? - ela me pergunta, e eu fico confusa. Rapidamente abro a conversa, ele mandou 3 mensagens

- "Wherever there is air, I will be there"
- Remember this? Where can we met tonight? (Se lembra? Onde podemos nos encontrar hoje a noite?)
- I'm in Brazil  (Estou no Brasil)

- Valentina, não, não tenho... isso aqui não é o que você está pensando - eu a encaro um pouco aflita com o que ela possa ter entendido, não quero que ela pense que eu estou com outra pessoa enquanto estou com ela também

- Não estou pensando em nada Luiza, só perguntei... temos que ir. Termina de arrumar suas coisas.. - ela diz de forma séria e serena enquanto procura algo, não consigo encontrar com seu olhar

- Calma, nós podemos conversar sobre isso? - eu tento alcança-la, imploro antes que ela idealize coisas

- Agora não dá, preciso acertar umas coisas com o Marcelo e o Carlos antes de sair. Termina de arrumar sua mala e leva lá pra frente tá - ela se retira, sem me olhar nem mais um minuto

Tudo bem. Pelo menos teremos algumas horas de viagem e eu posso conversar sem ela fugir.

Respondo a mensagem de John, apenas aviso que não estou em SP, ignoro o resto. Não estou afim de vê-lo mesmo, mas não sou mal educada.

John e eu terminamos de forma amigável, na época ainda mantínhamos sentimento de carinho um pelo outro, mas não era mais amor.
Hoje penso que nem sei se um dia chegou a ser amor, pelo menos de minha parte. Ele era uma ótima pessoa, me tratava muito bem e foi bom enquanto durou.
Tenho um carinho enorme por ele, que me ajudou bastante na época que estive fora do Brasil. A frase que ele me mandou, era como um bordão nosso, sempre que ele ou eu viajava a trabalho, ele me falava isso. Afinal ele é piloto, ele poderia voar com a companhia na sua folga para qualquer lugar para me encontrar. Era só ter ar. Porque os aviões funcionam a base do ar.
Ah, vocês entendem.
Odeio física.


Estou finalizando minha mala, Valentina já retirou as dela enquanto saia do quarto. Olho ao redor para ver se não estou esquecendo nada. 

Fico pensativa o quanto ela desviou seu olhar do meu. Se tinha uma coisa que nos conectava, era olhar nos olhos.

Eu sei que não temos um status definido, mas eu sentia que aquilo é algo único. Mesmo que não tenha surgido alguém durante esse tempo, eu sei que eu não me abriria à conhecer novas pessoas. Eu me sinto bem com ela. Joguei todas as minhas fichas na Valentina.

Mas não a conheço, não sei sobre o seu passado. Nem sei mesmo se ela já teve algum relacionamento sério. Lembro o quanto fiquei insegura alguns dias atras, achando que ela só queria sexo. Mas ela me acalmou, ela mostrou que não era só isso, pelo menos eu acreditei que sim.

Agora não sei realmente o que ela está pensando, ela tinha raiva quando leu, eu vi. Mas depois foi a pessoa mais calma e séria do mundo.

Saco, não sei o que pensar.


Levo minha mala até o carro que está com o porta malas aberto. Tenho dificuldade para levanta-la. Ela surge sei lá de onde e se aproxima pra me ajudar, tocando nossas mãos. Seu toque me dá um choque... por segundos ela me encara, mas desvia o olhar.

50 tons de lilas - VALU FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora