Capitulo 17 Álcool só para os fortes

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Graças ao meu habito de correr, cheguei em casa sem problemas. Não estava tão cansado assim, mas a ressaca ainda não havia passado. O casaco de couro estava pendurado em volta da minha cintura e eu estava bem acabado.
Fui recebido em casa de uma forma bem interessante. Bruno abriu a porta e me mandou um olhar que ao mesmo tempo era de desprezo e ameaçador.
- O moleque chegou! - gritou o meu meio irmão idiota.
Passos pela escadaria vieram que nem raios nas minhas orelhas pós ressaca. Os que corriam eram saltos, e eu podia jurar que eram quatro deles só pelo barulho. Ao fundo eu ouvia o som das botinas do meu pai, pesados e vagarosos.
A primeira bomba veio com Joana, que nem um gorila ameaçador começou a gritar na minha cara.
- Como ousa nos fazer passar por isso?! Vai pra casa de uma mulher e larga a amiga com as chaves da minha casa?!
Coloquei a mão na minha testa e apertei as minhas têmporas.
- Ela é de casa.
- De casa? Essa não é a sua casa!
- Joana, a casa é minha. - falou meu pai aparecendo na porta junto com Nandi.
Meu pai estava nervoso, mas aparentemente, não era comigo.
- O que?! A casa é nossa!
- Não, a casa é minha. E se estou dizendo que a casa é minha, meus filhos são donos dela também.
- Eu sou sua esposa! Eu moro aqui! Eu decorei essa casa!
- Sim, mas a casa é minha. E os bens são meus. Você decidiu assinar aquele contrato, não eu. Respeite meu filho, ele é meu tanto quanto Bruno e Cecilia.
- Como ousa tratar a mãe assim?! - gritou Bruno me empurrando da sua frente como se fosse uma barata.
Nandi veio até mim e me apoiou. Parecia que ela estava bem assustada com algo. Eles já deviam estar discutindo a um tempo, e devia ter sobrado para a minha amiga.
Neste momento, olhando para o rosto confuso de Nandi, eu fiquei com raiva de Joana. Raiva do restante todo da casa.
- Eu vou partir mais tarde, e vocês não terão que me aguentar. - falei me recompondo - Vamos Nandi, eu pago a diferença da sua passagem.
- Não. - falou meu pai.
O jeito que ele falava não era estrondoso, gritante, abobalhado. Ele falava de uma forma que te fazia gelar, em um tom baixo e ainda sim muito coesivo.
Olhei para ele.
- Eu não quero fazer confusão na sua casa.
- Você não está fazendo, Joana está estressada com algumas coisas e está colocando as culpas em você. - disse abanando a mão para a mulher furiosa e o filho pendurado em seus braços protetoramente.
Bruno nos olhava com um ódio tão grande que eu não duvidava ele entrar no meu quarto pela madrugada e me apunhalar com uma adaga. A imagem vinha com a sua mãe ao lado da porta com a mão na boca e ri do silenciosamente.
Macabro? Sim, mas é meio que um pressentimento estranho.
- Você sabe, eu posso ir embora a qualquer momento. Eu tenho pra onde ir, eu ja sou maior de idade.
- Eu sei, mas eu te chamei. Não foi?
- Sim.
- E Nadine, - disse meu pai se virando para a minha amiga - não se importe com as bobeiras que Joana te disse, eu gostei muito que veio ficar com o meu filho, ele precisava de você. Você é mais do que bem vinda.
Ele terminou tudo com um sorriso aconchegador no rosto, e isso foi deveras assustador. Nunca havia visto o rosto do meu pai expressar um rosto feliz.
- Agora garoto, vamos discutir uma coisa. Vocês podem sair, mas voltem silenciosamente para casa. - ele levantou uma sobrancelha e olhou para Nandi.
- Culpada. - ela disse sem graça levantando uma mão.
Joana simplesmente não quis mais ver o que estávamos fazendo, ela se virou furiosa e subiu as escadas, indo diretamente de onde ela havia chegado.
Bruno saiu atrás dela, mas não antes de me dar um olhar furioso.
Meu pai terminou falando mais uma ou duas palavras, e eu acabei descobrindo por Nandi que ela havia caído quase um lance de escadas, e que Bruno teve que carregar ela até o quarto.
Eu realmente não sabia se eu ria ou chorava.
Fomos para o meu quarto e nos sentamos na cama, conversando fiado, e eu jurei que enquanto ela estivesse aqui, não iria beber mais que duas cervejas.

Correndo (Romance gay) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora