Capitulo 21 No fundo da água p.2

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- Pode deixar ele aqui em casa, ele é meu amigo. Vão acorda-lo se mexerem nele agora. - comentou a voz de Lulian a cima de mim.
Eu estava recobrando minha consciência aos poucos, me sentia quente enquanto estava deitado em alguma cama macia da casa.
- De forma alguma, deixar esse menino folgado deitado na sua cama desta forma seria algo muito desrespeitoso. - falou Joana interrompendo algo que meu pai estava iniciando a falar.
- De forma alguma seria um incomodo o doce Hector ficar por aqui está noite. - falou uma voz feminina bem reconhecível.
Elena.
- Isto é inaceitável! Foi culpa dele cair na agua daquela forma, e ainda levou o pobre Lulian com ele!
- Se chama Lurian. - corrigiu Lulian acentuando o 'r' no lugar de 'l'.
Senti o constrangimento de Joana de longe.
- Olha, o garoto já está bem, ele só precisa descansar. Ele cortou um pedaço bom da perna, e Lulian ja falou que empurrou sem querer o garoto na piscina. Deem um credito a ele, até minha sogra que odeia todo mundo está caindo de amores pelo garoto. - falou um homem ao qual eu não conhecia.
Senti uma vontade imensa de abrir os olhos ao ouvir a voz com um rico sotaque italiano. Tinha quase certeza que era o tio de Lulian, o senhor Bernardo Benacci.
Porém nem toda a curiosidade do mundo poderia me fazer querer encarar Joana neste instante.
- Sorte a de vocês Senhor Abreu estar na festa, se ele não tivesse verificado o machucado, todo mundo estaria no hospital agora pensando porcarias. - comentou a voz da senhora que havia me indicado para a sua neta.
Que é? Todo mundo da festa estava em volta ao meu leito?
- Olha, não querendo ser mal educado, senhora Joana, e o resto, não quero acordar Hector depois de ter quase arrancado a sua perna. Podem voltar a fazer o que estavam fazendo, vou aproveitar que eu não estou muito bem pela bebida e dormir também. - comentou Lulian bocejando.
- Vamos Joana, amanha passamos aqui para buscar o menino. - falou meu pai.
Ouvi uma bufada de Joana e um bater de pés enfurecidos, e muito desrespeitosos, a par da minha situação.
Senti lábios na minha testa. Lábios muito carinhosos, como os de uma mãe.
- Ainda bem que o menino está bem. - comentou a voz da senhora a cima da minha cabeça - Vamos, Elena, Bernardo.
Mais uma vez eu ouvi passos e logo uma porta se fechando.
Senti Lulian sentando do meu lado, e somente soube que era ele pelo seu suspiro de cansaço. Senti seus dedos acariciando meu cabelo. Eles se entrelaçavam nos fios, começando pela minha testa, até o limite no travesseiro.
Abri meus olhos olhando para o homem a cima de mim.
- Bu. - falei dando-lhe um sorriso.
Ele lançou seus olhos para o meus lábios e lambeu os próprios.
- Você finge que está dormindo muito bem ein?
Fiz bico.
- Muitos anos de treinamento.
- Se eu soubesse fazer isso quando eu era mais novo podia ter fugido de muitas brigas com o meu pai. - falou dando-me um sorriso.
Eu não sei por que, mas mesmo no escuro, vendo somente a sobra do seu rosto, senti uma imensa vontade de abraça-lo. E eu fiz isso mesmo.
Passei os braços em suas costas e puxei o seu pescoço, lhe dando um doce abraço.
Lulian me abraçou de volta sutilmente.
Senti que ele queria falar algo, mas não chegou a dizer algo. Penso que estava com vergonha, mas mesmo pensando isso não conseguia imaginar o homem com vergonha de nada.
Afastei meu rosto do pescoço dele e olhei em seus olhos verdes hipnotizastes.
- Nossa, eu estava precisando abraça-lo. - falei com o meu rosto ficando vermelho.
Lulian sorriu para mim em resposta, e plantou um beijo na minha bochecha, muito perto dos meus lábios.
Respirei fundo e tomei coragem para o que fiz a seguir. Beijei seus lábios apertando meu corpo contra o dele.
Desta vez, Lulian não foi pego de surpresa, decerta forma, nossos corpos estavam pedindo por isso. Sentia que a nossa atração era muito mais do que magnética.
Lulian deitou minha cabeça no travesseiro, e igualmente fez com o seu corpo na cama ao meu lado.
Sua mão ja estava em minha cintura, apertando e massageando. Descendo até a minha bunda e puxando a borda da minha camiseta - aliás, da sua camiseta. Ja que eu estava de blusa limpa, deduzo que deveria ser de Lulian.
O problema foi quando Lulian começou a subir em cima de mim, e acabou por apertar a sua perna na minha me fazendo dar um gemido de dor.
- Ei. - ele disse saindo de cima de mim - Me desculpe!
Lulian se sentou novamente e eu logo me sentei ao seu lado apoiando meu corpo no seu.
- Não é nada. - falei mordendo forte os dentes.
Puxei minha perna para cima, tirando a coberta para ver o que havia acontecido com a perna.
Eu estava com uma cueca box que mais parecia um shorts e uma de minhas pernas estava enfaixada na cocha, e havia uma pequena mancha de sangue se formando nela.
Coloquei a mão na minha boca para tampar o enjoo.
Abracei Lulian e enfiei a cabeça no seu peito.
- Esta doendo? - perguntou ele preocupado acariciando meu cabelo.
- Não, não está. Eu só não gosto muito de sangue. - confessei.
Ficamos la sentados até que o sangue parasse de sair, quando o fez, Lulian sem fazer cerimonia sobre a bandagem sangrenta, me deitou na cama e ja foi se levantado.
- Ei, durma aqui comigo! Essa é a sua cama. - eu disse esticando meu braço e segurando a sua camiseta.
- Ja te disse que eu sou um sonâmbulo incontrolável. - ele disse me lançando um sorriso triste - Eu posso te machucar mais.
Eu abanei a cabeça.
- Deite, eu sei que não vai. - falei.
Ele relutou um pouco. Mas o que ele poderia fazer? Eu via em seus olhos que ele queria muito se deitar ao meu lado, tanto quanto eu queria.
Deitei-me de costas para ele, e ele me aconchegou no seu peito de forma protetora, tomando muito cuidado para não tocar na minha perna machucada.
Foi só eu fechar os meus olhos, respirando o seu cheiro maravilhoso, que acabei desmaiando de sono ao seu lado.
Tinha um sentimento martelando no meu peito, e eu não sabia se conseguiria segurar ele por mais muito tempo.

Correndo (Romance gay) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora