Capitulo 26 Arrependimento

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Sai do avião cansado, meus olhos estavam pesados e cansados. Isso por que eu chorei que nem um infeliz e depois cai no sono, coisa que eu raramente fazia em um avião.
Quando passei pelo portão com as minhas malas se arrastando atrás de mim fui golpeado com um tudo por Nandi enquanto ela gritava.
- Ah! Você chegou! My sugar bear! - ela exclamava.
- Nossa, que coisa gay, não me chame disso pelo amor de deus! - reclamei equilibrando ela e as malas.
Nandi, a macaca. Mesmo sendo alta e corpulenta, ainda sim amava ficar engalfinhada  na minha cintura a qualquer custo.
Todos a minha volta estavam olhando para nós como se fossemos dois "pombinhos apaixonados", e ela adorava dar corda. Falava que nós eram noivos, e que ela estava a anos sem me ver. 
Revirei os olhos enquanto ficava la parado esperando ela desistir do show. 
Ela só desceu quando a entrada esvaziou-se ligeiramente.
- E ai patroa, onde você estacionou o Silvester? - perguntei, mencionando o seu carro.
Eu e Nandi tínhamos a mania esquisita de apelidar os carros na rua, tudo dependia do dono, o carro e a cor, e quando Nandi comprou seu primeiro carro, por ser um troller preto nós chamamos de Silvester. Não que tenha muita sentido, mas a vida não tem muito sentido de toda forma.
- No estacionamento pago. - ela cantarolou - Você paga! - disse apontando o dedo pra min e imitando um tiro.
- Sim senhora. - falei empurrando o carrinho.
Depois de alguns minutos, chegamos no carro, quase uma hora andando para achar o maldito, e eu não iria estranhar se demorássemos mais algumas horas para chegar em casa.
No carro, Nandi me contou que ligou para a dona Maria e pediu para que ela desse uma limpada em casa pois eu estava chegando.  
Me surpreendi, pois nem eu havia lembrado deste detalhe, mas deve ser para isso que os amigos servem. De qualquer forma, hoje não passa de mais um dia útil na vida de qualquer um, e eu preciso realmente arrumar a minha vida, pois está uma bagunça do capeta.
Depois de me deixar em casa com as malas, Nandi não se demorou muito, pois segundo ela, havia um jantar com os avós, e precisava se arrumar.
Uma coisa eu poderia dizer sobre hoje com certeza. Deitar na minha cama depois de tanto tempo, foi surpreendentemente a coisa mais gostosa que fiz nesses últimos meses. Tirando beijar Lulian, pois aqueles lábios ultrapassavam a barreira da gostosura.
O meu cheiro rondava os meus travesseiros macios, a colcha era uma mistura de eu com a minha mãe. Isso sim eu podia chamar de lar.
Por mais que meu pai me quisesse ao seu lado com a maior boa vontade, eu ainda sim sabia que não era querido no meio da sua família, e enquanto eu ficava lá, quase que me sentia deteriorando.
Esfreguei meu rosto nos meus travesseiros e senti o tecido fino e azulado esfregando docemente contra o meu rosto.
Eu já estava limpo e pronto para cair no sono.O meu cansaço estava arrebatador. 
Mas então eu ouvi meu celular tocar aquele barulho irritante de quanto alguém te manda uma mensagem no Whats. Pensei que havia o posto no mudo.
Estiquei meu braço para a cômoda e peguei-o.
O nome que apareceu na tela do celular foi esmagador, senti como se estivesse em uma montanha russa preste a descer de seu ponto mais alto.
Abri e li a mensagem:
Lulian B.: Por que você foi embora?
Meu coração apertou.
Será que ele realmente sentia algo por mim? Será que foi errado eu voltar sem ao menos lhe dar a informação de ante mão?
Com os dedos trêmulos e o lábio inferior sobre meus dentes eu escrevi:
Hector August: Preciso arrumar a minha vida.
Demorou acho que quase um minuto para ele me responder.
Lulian B.: Não podia ter me contado? Me avisado? Ou algo parecido?
Hector August: Por que eu faria algo assim? Você não iria me levar a serio de qualquer forma.
Dedos traidores, quando eu vi ja havia mandado.
Desta vez ele não demorou muito para escrever.
Lulian B.: Podia ter te levado muito mais do que a serio.
E com isso ele já não estava mais online, e levei o comentário como se fosse um fora. Um 'nunca mais nos veremos'.
Eu não sei o que estava rolando dentro de mim este momento, mas era uma mistura de raiva com arrependimento e alivio e... Mais arrependimento.
Mas a vida continua.

Correndo (Romance gay) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora