Capitulo 37 Não existe 'nós'

381 41 7
                                    

Acordei com um baque surdo no chão, meus olhos se arregalaram na hora que eu ouvi o barulho estranho. Me sentei na cama e vi que Lulian estava sentado nu com os olhos vermelhos e arregalados.
Ai vem.
- Que?! - ele exclamou limpando os olhos para ver se enxergava direito.
- Hey. - falei me sentando e bocejando na minha mão.
- Meu deus, o que você está fazendo aqui? - perguntou o homem descrente enquanto esfregava os olhos inchados de sono - Deus, o que eu bebi?!
Me enterrei nos travesseiros de pena calmo e olhei para ele.
- Eu e Arthur achamos que você foi drogado... Ou você ingeriu alguma droga por que quis? - perguntei calmo.
- Arthur? Eu? Não usei nenhuma droga, não gosto delas, sou contra tudo que tira a sua consciência.
- E a decência. - comentei abrindo um meio sorriso.
Pareceu que ele não havia entendido, pois soltou um 'o que' isso antes de ele lembrar de algo e ficar calado com os olhos arregalados.
- Deus! O que eu te fiz?! - ele exclamou e subiu cama tocando meu corpo - Eu te machuquei, não foi?! Eu lembro de sangue... - seus olhos se apertaram, e eu não gostei do modo em que expressaram tristeza.
Peguei na sua mão.
- Calma, você não me machucou... - falei e depois fiquei vermelho - É que fazia bastante tempo que eu não fazia sexo, e bem, o meu ultimo parceiro não tinha metade do que você tem entre as pernas.
O cara arregalou os olhos e depois olhou para baixo.
- Eu te forcei, não foi? - ele perguntou com as mãos apertadas sobre seu colo.
Abracei ele assim que eu ouvi aquilo, não queria de forma alguma seus olhos tristes.
- Eu quis, eu insisti. Abusei de você enquanto você estava drogado, isso não foi legal de se fazer. - falei me depreciando.
- Que? - ele perguntou levantando meu rosto e me olhando nos olhos - Nem se você quisesse poderia abusar de mim, eu te desejo a muito tempo, tanto que eu até sonho com você na minha cama. 
Então era isso que ele queria dizer, que sonhava comigo.
Deitei minha cabeça no peito dele e ele fez carinho na minha cabeça.
- Como me achou? - perguntou ele depois de um tempo.
- Não foi proposital, tinha um cara dando em cima de mim, a Nandi gostou de um amigo dele, eles nos chamaram para ir na festa, e lá estava você, ao lado de uma garota, que supostamente te drogou para te roubar, no mínimo. - falei, tudo de uma vez. Não gostava de enrolar.
- Entendo, então foi o destino mesmo. - comentou ele.
- Destino?
- Sim, destino, como se você fosse minha alma gêmea, sempre perto de mim.
- Ai, exoterismo não, por favor. - reclamei abraçando-o mais forte - Eu não acredito nessas coisas.
- Pois bem, não acredito, mas se foi uma coincidência, então foi uma 'puta' delas. - ele comentou e beijou a minha testa - Eu certamente quero saber o por que e como.
Revirei os olhos e voltei a abraça-lo.
- Por que? O por que foi que eu me formei, Nandi também, e resolvemos fazermos uma visita para Milão, a cidade que minha mãe ama de paixão, e que bem, toda mulher gosta na verdade. - falei - Agora, o 'Como?'. Bem, é... - fiz uma pausa para pensar, nem eu sabia exatamente o como. Podia ser uma serie de eventos estranhos que nos levou até um encontro bizarro.
Mas eu não falei isso, eu fiquei quieto e calado.
- Hector, Hector... - ele suspirou se arrastando nas palavras - Eu não seu o que fazer. - ele disse enquanto apertava a mão nas minhas costas.
- Bom, tomar um banho e...
- Não me refiro ao que fazer agora, Hector, mas sim o que fazer conosco. - ele disse olhando nos meus olhos.
Eu fiquei pasmo, eu não sabia que iria pensar uma palavra que se referia a nos dois de forma carinhosa. Não como se nós fossemos um casal... Eu não sou parte de um casal.
- Não tem nada a se fazer. - falei me afastando dele.
- Como assim? - ele perguntou meio exaltado comigo me afastando dele.
- 'Como assim' que você vai continuar vivendo a sua vida e eu a minha, cada um em um caminho diferente, não? - meio que senti uma adaga me perfurando lentamente enquanto falava aquelas palavras.
Mas eram todas verdadeiras.
O olhar de Lulian foi o pior no entanto, não queria ver ele com estes olhos, era triste e me deixava sentindo o pior.
- Nós dois fizemos... Nós dois temos uma coisa. Eu não vou desistir de você de novo, foi péssimo da primeira vez, e agora que eu te provei... Eu só quero mais, e mais. - enquanto ele falava, pegou na minha cintura e esfregou o nariz no meu abdômen.
A sensação era boa, mas mesmo assim...
- Não. - falei me levantando da cama, fugindo dele.
- Não o que?! - ele perguntou se levantando da cama junto e vindo atrás de mim.
Como o belo desgovernado que eu sou, eu fugi dele para a parte errada do quarto, indo parar bem na parede, perto da janela e muito longe da porta de saída e do banheiro.
- Hein?! - ele ressaltou.
- Eu não quero estragar a sua vida e nem a minha, preciso me fixar em uma carreira e ganhar com isso, para de ficar gastando meu dinheiro antes de começar a ganhar algo, sabe? E você tem a su vida, mora longe de mim, muito longe. Eu não quero nutrir algo que não vai dar certo. - falei me afastando dele e me apertando na parede.
A cada passo que eu dava para trás, e seguia com mais um seu.
Senti selvageria pelo seu rosto, como se o que eu estivesse falando fosse uma besteira sem tamanho, uma inutilidade.
Foi então que ele me apertou na parede, sem colocar as mãos em mim, somente a sua barriga se empurrando contra a minha enquanto ele me olhava de cima para baixo.
Meu corpo inteiro tremeu pelo momento...
- Mas que merda é essa?! - gritou Marcos na porta ao lado de Nandi e Arthur.
A situação era bastante constrangedora, eu com a respiração pesada e Lulian me apertando nú contra a parede... Uma cena bem intensa, ele me olhando com aqueles olhos safados de quem queria me bater com o...
Deus.
- Ai, que droga. - falei meio lento suspirando.
Isso tem que sempre acontecer comigo?

Correndo (Romance gay) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora