Capitulo 33 Fuga desajustada

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- Lulian... - meio que cuspi seu nome pelos meus lábios. 

O cara estava na minha frente, perfeito, do mesmo modo que eu o havia deixado em Goiás. Seu cabelo quase no zero e olhos verdes me fitando com espanto. 

- Ma va... - começou Lulian falando algo em Italino, e eu pensei muito bem que se ele continuasse a frase, acabaria me mandando ir cagar mesmo - O que está fazendo aqui?! - perguntou o cara. 

A mulher do seu lado o olhou estranhando o choque em que nos encontrávamos. 

- Chi è questo ragazzo? - (Quem é esse garoto?) perguntou a mulher loira fazendo bico e passando a mão no peito de Lulian.

Lulian olhou para a mulher com os olhos estranhamente serrados e depois voltou para mim.

Já que ele não falava nada, assumi uma pose totalmente contraditória ao que eu estava sentindo. Sorri elegantemente e estiquei para pegar sua mão.

- Sono Hector August, piacere di conoscerti. Un vecchio amico di Lulian. - ( Sou Hector August, prazer em te conhecer. Um velho amigo de Lulian. ) comentei enquanto beijava sua mão me inclinando educadamente.

- Oh , deve essere molto vecchio viene fornito anche Lulian che è totalmente stupito di vedere voi . - (Oh, deve ser bem velho mesmo, pois Lulian está totalmente pasmo de te ver. ) respondeu a garota tirando seus dedos da minha mão com delicadeza enquanto esculpia um sorriso de dentes brancos em meio á uma tira vermelha incrivelmente contornada.

- Si...

- Espera. - falou Lulian cortando o assunto depois pegando no cotovelo da mulher e falando algo para ela.

A mulher concordou, me deu uma olhada e deu um tchau acompanhado de um sorriso meio falso e sem graça.

- Ei, cara, quem é esse? Você não estava afim de ir ao banheiro? - perguntou Marcos entrando no meio antes que Lulian conseguisse falar algo.

- Dá para você ir ficar com os seus amigos ali um minutinho, Marcos? - perguntei educado tentando passar para ele uma visão de que eu tinha que falar algo com o cara na minha frente.

Marcos não captou meu olhar, ou para falar a verdade, ele captou sim, e fez questão de cruzar seus braços e dar uma olhada firme para Lulian. Lulian olhou bem o cara de cima a baixo e logo se pois a erguer o queixo como um galo macho no seu território.

Era bizarro em como tão pouco tempo ambos puderam captar a tensão sexual de cada, mais o mais bizarro foi Lulian agir como se fosse o meu macho... Ok, muito estranho.

- Marcos, vai, depois eu converso com você. - falei balançando a cabeça.

Mas ele não se mexeu, e muito menos tirou os olhos dos olhos de Lulian. Pareciam dois idiotas.

- Não to afim, não vou ganhar nada com isso. - ele disse serrando os olhos.

- Olha Hector, eu não sei o por que de eu ter te encontrado justo aqui, mas preciso falar com você. - ele disse tocando meu ombro enquanto desviava os olhos de Marcos.

Marcos pegou a mão de Lulian e a tacou para trás, o homem foi pego desprevenido e o seu braço correu para trás. 

- Oi! - resmunguei ao ver isso. 

Lulian pegou no colarinho de Marcos e o puxou para perto. 

- Ficou louco? Quer morrer ragazzo?- o forte sotaque Italiano acompanhava a sua raiva cada vez com mais força. 

Marcos deu um sorriso quase indecente com seus olhos sarcásticos.

- E é você que vai me matar, 'pizzaiolo? - cuspiu entre os dentes sendo sarcástico ao comentar 'pizzaiolo' - Vai lá, tente. - comentou se soltando do cara.

Revirei os olhos e coloquei a mão na minha testa.

- Ah, cara, eu sou um 'cara', pelo amor de deus, isso é ridículo. - falei alto o suficiente para os dois ouvirem e então me virei ignorando.

- Ei! Eu quero...

- Cara!

Acelerei o passo e corri para o outro lado da festa o mais rápido que pude, foi estranho correr no meio das pessoas que dançavam no meio do salão. Já era bem tarde, e sabe, as festas de modelo são tensas, por que rola muita bala, e por isso, toda vez que eu tentava empurrar alguém, a pessoa virava e começava a dançar pra mim.

Consegui ver Lulian umas duas vezes enquanto fugia em um ato infantil dos dois no meio da multidão turbulenta. 

Cara, fiquei nessa por uns longos trinte e dois minutos, até achar a porta da cozinha e me enfiar lá. 

O cozinheiro italiano veio me falar que o lugar era proibido, mas eu insisti que estava fugindo de uma garota e ele me deixou ficar de boa se eu não mexesse em nada. 

Já estava sentindo meu celular vibrar na minha bunda um bom tempo, mas na correria fiquei sem toca-lo. Mas agora que peguei-o, havia mensagens de Nandi perguntando onde eu estava, e me avisando que Marcos estava pirando na batatinha. Mandei ela quietar o facho do Marcos por que eu não queria nada com ele. A segunda pessoa a mandar mensagens foi mais do que inusitada, direto dos arquivados estava a surgir Lulian Benacci. 

LulianBenacci: Onde você está? 

LulianBenacci: Ta saindo coma quele cara? 

LulianBenacci: MERDA, para de correr!

LulianBenacci: Eu quero te ver! Eu preciso te tocar para ter certeza que isso não é alguma droga que Belita enfiou no meu copo, caramba!

Esfreguei minha testa e depois grunhi. 

HectorAugust: Pirou ou ta legal? 

Não demorou nem dois segundos para ele responder. 

LulianBenacci: Pirei?! Stronzo! Onde você está!

HectorAugust: Ei, eu não sou estupido, vocês que são! Ta bêbado?

LulianBenacci: Onde RAIOS você está?

Olhei pela fresta da porta e o vi indo em direções opostas enquanto olhava para o celular irritado coçando a cabeça. Sim, ele estava bêbado, por que eu nunca havia o visto tão agitado. Ele sempre foi a calma em pessoa quando eu o via, mas bem, eu não cheguei a vê-lo totalmente bêbado... 

Bem, eu sou uma pessoa zoada e inconsequente, e acho que foi por esse motivo que eu decidi zoar com o cara. 

Dei tchau para o cozinheiro amigável, e ele retribuiu enquanto eu saia me dando duas shots de tequila. O tempo inteiro eu passei agachado, e não foi difícil de achar Lulian, mesmo depois das duas shots.

Abri a câmera do meu celular e dei um zoom nele e tirei uma foto do seu paradeiro. Antes de enviar a foto, corri para outro canto da sala.

Enviei a foto e recebi um exame de mensagens. 

LulianBenacci: VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COMIGO? 

Do outro lado da sala, eu vi ele parado olhando para o angulo que eu havia tirado a foto, ele corria em direção a ele enquanto olhava em volta no meio da multidão. 

Vi que bem atrás de mim tinha uma porta escondida atrás de alguns enfeites, como se ela não quisesse ser percebida. 

Passei a mão na sua maçaneta e percebi que ela estava destrancada e dava diretamente de frente a uma escada de só subida. 

O terraço? 

Olhei para trás e vi ele novamente, e dessa vez, já que eu estava em um canto mais ou menos iluminado e distante, ele acabou por capturar meu olhar no dele. 

Sustentei ele por alguns segundos, como se não quisesse soltar. Seus olhos verdes eram poderosos mesmo sobre as luzes brilhantes, segantes e fluorecentes. O problema foi que eu vi Marcos chegando em Lulian de lado junto com Nandi, mas como o bom homem que ele é, eu previu isso quando eu virei os olhos para o cara punk e logo se abaixou na multidão como um dragão voz, sem medo e sem ninguém lhe fazendo gracinha. Ele sumiu, nem mesmo Marcos o via, estava perdido na multidão. 

Eu fiz o que achei melhor, continuar fugindo. 

Me enfiei no local e fechei a porta correndo, antes de que Lulian entrasse aqui. Ele devia estar pelando de ódio. 



Correndo (Romance gay) Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora