O1 - The Deal

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ㅡ A verdade é que eu sou só mais um homem que quer o mundo nas mãos. Não é assim que eles dizem?

Pawat sorriu ao ouvir os risos da plateia. Ajeitou a manga de sua camisa e continuou a andar pelo grande palco.

ㅡ É verdade! Muitos de vocês podem pensar que o que fizemos é o marco do início de uma revolução, mas não. Vocês podem se orgulhar, e devem. Mas quero que saibam que não estamos nem perto disso. Nós podemos fazer muito mais. Vocês sabem que cada um nessa sala foi escolhido a dedo. Se olharem ao redor percebem que são totalmente diferentes um do outro, concordam? Então o que os fez chegar até aqui? O que os trouxe até mim, até a LAW? Alguém pode me responder?

Em silêncio, o grande público se entreolhou, esperando que alguém arriscasse, mas de fato, entre todas aquelas mentes brilhantes, nenhuma tinha a resposta. Então sorriu. Um sorriso esperançoso, e olhou, por breves segundos para o rosto de cada um de seus funcionários, para enfim lhes responder:

ㅡ Vocês não querem uma vida medíocre num mundo medíocre. Vocês estavam todos insatisfeitos com a humanidade, e é por esse motivo que estamos todos aqui. Vocês estão aqui porque tem sede de mudança, e é isso que viemos fazer. Não só dentro dessa empresa. No mundo todo. Não importa o que você faça, como, ou por quê. Não importa quanto tempo vamos levar, quantas vezes nossos cargos serão ocupados por pessoas que sequer conhecemos. Nosso trabalho não gerará resultados imediatos, não esperem por isso. "Mas mudamos o dia de milhões de pessoas", vocês me dizem. Mas mudaremos o de bilhões. Mudaremos as futuras gerações. O futuro da Terra está nas nossas mãos, e é com esse pensamento que eu quero e preciso que cada um de vocês acorde todos os dias. Quero que parem de pensar em vocês mesmos como um só. Quero que pensem "estou fazendo isso pelo planeta em que vivo." Eu sei que somos capazes. Há poucos anos atrás, nenhum de nós aqui dentro e nenhuma das pessoas lá fora imaginava o mundo como ele é hoje, e o crédito disso é nosso. Não é meu. Eu não faria nada disso sozinho. Cada pessoa nessa sala e cada pessoa trabalhando nas nossas fábricas e lojas contribuíram para isso. Quero que se sintam especiais, porque vocês são. E quero agradecê-los por fazerem parte de algo tão bonito. Não tenho dúvidas de que esse projeto, assim como todos os outros que fundamos... sem querer me gabar! Tenho certeza de que será um sucesso enorme e cumprirá o nosso propósito de unir essa nação. Obrigado!

E com aplausos, gritos e assovios, o homem deixou o cômodo em passos apressados, contando os segundos contados para seu próximo compromisso. Apesar de ocupar o maior cargo da maior empresa do mundo, Pawat não se dava o luxo de deixar com que outras pessoas sequer levantassem um palito em seu lugar. Trabalhava todos os dias sem exceção. Adiar compromissos ou cancelá-los era simpesmente inadmissível para si, o que o levava por vezes a viajar para até três países por dia para fechar acordos, dar palestras ou até entrevistas. Era o rosto mais visto no mundo e como se não bastasse, o mais admirado: seuss gestos caridosos o mantia entre os principais tópicos de qualquer grupo social. Era o fundador de ONG's responsáveis por projetos como a restauração da camada de ozônio, o banimento e substituição total de motores movidos a Co², desmatamento para uso da madeira para quaisquer fins, e até mesmo mobilizou a pecuária com nada além de campanhas conscientizadoras expondo a indústria. Com esses e outros projetos, a empresa que antes era focada em tecnologia fundou diversas filiais. Ecologia, economia, saúde, e alimentação eram as principais. Com o investimento e planos de ação formados por Pawat e sua equipe, em dois anos foram capazes de atos como a erradicação da fome do mundo. Consequentemente, com o meio ambiente totalmente renovado e países subdesenvolvidos crescendo tanto quando as grandes potências, a expectativa de vida havia aumentado em todos os países. Com a grande oferta de emprego em todas as áreas e cargos nas empresas filiais, até mesmo o crime diminuía todos os dias.

Mas Pawat estava prestes a cometer o maior destes.

Seu secretário se xingava mentalmente por ter pernas tão menores em relação as do chefe, que quase corria pelos grandes corredores.

ㅡ Senhor Pawat, não estamos atrasados. Ainda faltam cinco minutos para a sua reunião com o grupo-

ㅡ Acha que vou deixar ele chegar antes de mim? - Soltou uma risada nasal ㅡ Nunca.

Khaotung se manteve calado, sabia que qualquer contestação seria inútil. Não demorou para que as portas de vidro fossem abertas, revelando a Ohm o inesperado.

ㅡ Uau. Vocês conseguiram ser mais pontuais do que eu. - Soltou uma risada sem graça, ajeitando o terno enquanto caminhava em direção à cadeira na ponta da longa mesa. ㅡBom dia a todos.

ㅡ Bom dia. - os demais - com uma exceção - responderam.

ㅡ Acredito que já sabem o motivo pelo qual os chamei hoje-

ㅡ Hoje? - Nanon riu fraco, levantando a sobrancelha ao levar o olhar ao mais velho. ㅡ Você tem nos infernizado a anos.

ㅡ Tem razão. - admitiu envergonhado, com um sorriso. ㅡ O potencial de vocês é nítido desde o princípio, e isso é algo que não posso ignorar. É uma pena que tenha escolhido seguir caminhos separados, senhor Nanon.

Korapat quis rir, mas apenas suspirou:

ㅡ Viemos falar de negócios ou não?

Os engravatados na mesa se entreolharam. A fama de grosseiro do rapaz era pouco dissertada, mas Ohm não pareceu surpreso: pelo contrário. Então sorriu, entrelaçando os próprios dedos sobre a mesa enquanto mantia os olhos fixos em Nanon ao perguntar:

ㅡ Devemos começar?

ㅡ Seja rápido.

Os minutos passavam na sala do último andar do prédio mais alto de Bangkok - e do mundo - Funcionários do lado de fora observavam discretamente pelo vidro e especulavam sobre o que os maiores líderes mundiais discutiam se baseando em suas expressões. Repórteres de diversos países rodeavam o prédio aguardando por um mísero deslize que lhes desse a chance da reportagem do ano, aquela que desvendaria as intenções de Ohm ao convidar sua maior concorrente para uma visita. As preposições eram muitas, todas repletas de incerteza. Do lado de dentro, com seu tom calmo e sorriso doce, Pawat tentava persuadir a equipe rival.

ㅡ Um dos motivos pelo qual a WAR cresceu tanto foi por ter propostas tão diferentes das que temos aqui, e eu devo parabenizar vocês por isso-

ㅡ Está sugerindo que só crescemos por não termos nos rendido a você? - Nanon rebateu com sobrancelhas franzidas e um olhar indiferente.

ㅡ Não! Não é isso. Seu planejamento foi incrível! É por isso que eu insisto em dizer que se juntarmos todas as mentes brilhantes por trás disso-

ㅡ Você acha que precisamos disso?

ㅡ Não, não acho... eu sei que vocês estão indo perfeitamente bem-

ㅡ Não estamos "indo", nós sempre fomos. Nós estamos perfeitamente bem e não vejo motivos pra me juntar a você. Sinto que me trouxe aqui só para reforçar o quão inútil essa parceria é, Pawat.

ㅡ Talvez se você parar de o interromper e o deixar falar-

Khaotung interveio, sendo interrompido por Nanon da mesma maneira:

ㅡ Você por acaso tem noção do tempo que estou desperdiçando aqui? E quem é você pra falar desse jeito comigo?

ㅡ Senhor Korapat, por favor... - Ohm prosseguiu. -  Se o senhor folhear os papéis na sua frente vai ver que eu mesmo escrevi e especifiquei todos os benefícios disso para nós dois. Eu fiz questão de dar a WAR uma porcentagem maior dos lucros e-

ㅡ Acho que você ainda não entendeu, Pawat. Eu não preciso de você. Minha empresa não precisa de você. Nenhum de nós precisa do seu dinheiro. Por favor, nunca mais me faça perder tempo com esse tipo de coisa.

Nanon retrucou friamente, afastando-se da cadeira e caminhando em direção à porta, seguido de seus colaboradores e guarda-costas. Irritado, Khaotung se levantou com a mesma rapidez, mas bastou um sinal de Ohm para mobilizá-lo.

ㅡ Sabia que ele faria isso... ele vai mudar de ideia.

THE LAWOnde histórias criam vida. Descubra agora