O6 - The Act

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Não foi por falta de querer, mas Nanon, apesar de se auto declarar bastante maduro, nunca entendeu o fim que tiveram como um ponto final. Não era justo, pensava. Não fazia sentido, já que se amavam tanto. Já que ele o amava tanto.

Não foi um fim predatado ou estabelecido. Simplesmente aconteceu. Uma mensagem não respondida por horas, em pouco tempo se tornava um dia. Um pedido de desculpas era feito, mas a aceitação só seria lida dois dias depois, seguida de outro pedido de desculpas.

Com o passar do tempo, Nanon se calou. Pensou que assim sua falta seria notada, mas não foi o que aconteceu. Ohm quebrava seu coração um pouco mais dia após dia. As vezes pensava que, se ele simplesmente desaparecesse sem se despedir seria mais fácil e doeria menos. Chorava ao perceber que mais um dia havia se passado e não obtia uma resposta. Pawat simplesmente não percebeu seu distanciamento. Com todas as coisas que tinha para se preocupar, se esqueceu completamente de Korapat. O mais novo simplesmente não entendia.

Por que ele não se importa? Por que não sente falta, não se sente mal? Quando foi que ele deixou de me amar?

Era o tipo de pensamento presente em sua mente dia após dia. Enquanto deveria estar estudando para garantir o próprio futuro como Ohm fazia, cuidando do que era seu, Nanon passava noites em claro esperando que tudo mudasse. Que voltassem a ser como antes. Que algo despertasse no fundo da mente de Pawat e ele viesse correndo até si. Ele esperou, e esperou, e imaginou cenas como essas incontáveis vezes. Nunca aconteceu.

Seu coração, preenchido pela sensação de ter sido abandonado, pouco a pouco se fechou para qualquer tipo de sentimento. Nanon passou a acreditar que poderia simplesmente escolher não sentir aquela dor, e depois de muito tempo, teve sucesso. Não sentia aquela, nem qualquer outra. Suas falhas e sucessos já não o afetavam. Se fechou para tudo e todos e qualquer tipo de situação que pudesse o causar decepção, e consequentemente, dor. Bloqueou o número, cada uma de suas redes sociais e silenciou seu nome e o de sua empresa em todas elas. Agora, como se nunca tivesse o conhecido, vivia em um mundo sem Ohm Pawat. Era um mundo cinza, mas ele não admitiria. Tinha passado os últimos quatro anos dividindo tudo que era seu com aquele garoto, que subitamente, virou um homem. Compartilhou com ele seus pensamentos, seus bens, seus dias, meses, e até seu corpo, mas agora, eram só estranhos. Mas assim era melhor, certo? Não sentia saudade. Não se sentia sozinho. Não se sentia negligenciado. Não estava mais apaixonado. Era o que forçava si mesmo a crer, mas qualquer um com olhos via que falhava miseravelmente. Com o passar dos anos,
a admiração se tornou decepção.
A decepção, indignação,
e a indignação, em ódio.

Porque não aceitava que a pessoa que lhe fez tantas promessas quebraria todas assim. Não acreditava que seu primeiro amor, com o qual tinha tantos planos, havia simplesmente se esquecido de si e de todos eles. Não admitia ter sido deixado como se não fosse nada. Culpava a ganância de Ohm. E jurava que um dia, mais cedo ou mais tarde, o faria sofrer tanto quanto ele o fez. Com o sentimento de vingança cravado em seu coração quebrantado, Nanon construiu um império. Embora não se destacasse em sua turma no ensino médio, em pouco período na faculdade de administração havia conquistado centenas de certificados, prêmios, bolsas e oportunidades de emprego em empresas renomadas. Era o maior exemplo de seu curso, entre calouros e veteranos. Se tornou o líder da classe por decisão unânime e se tornou um grande nome na faculdade muito antes de graduar. Sua competência fez com que encontrasse seus sócios e funcionários ali mesmo. Sua capacidade em oratória e liderança era excepcional para um garoto de apenas dezenove anos, que persuadiu com uma facilidade impressionante outros estudantes a o seguirem.

Com uma pequena renda inicial alugaram um cômodo próximo a faculdade e todos os dias uma turma de vinte alunos estritamente selecionados se dirigia ao local para planejar, produzir, e vender peças. Cinco dos vinte vinham do curso de robótica. Outros cinco, da engenharia, outros de TI, e os demais, administração. O feito foi um sucesso não só entre os alunos da faculdade, mas entre adultos intrigados pelo talento. Na época, chegaram a receber patrocínios graças à reputação de Nanon. Com o dinheiro feito, depois de quatro anos, quando se formaram, tinham uma empresa conhecida em toda a Ásia. Em dois anos, com uma filial em Beijing, na China, começaram a exportar para todo o exterior. Os produtos se tornaram uma febre que se espalhava de forma devastadora, muito mais rápido do que qualquer um imaginaria.

Quatro anos depois, Nanon chegava em sua ascensão. E então, o esperado reencontro finalmente aconteceu. Ao alcançar o cargo na lista de maiores bilionários do mundo, Nanon fazia parte daquilo que um dia tanto odiou - a elite. Num evento onde a presença de Ohm Pawat era um dos atos principais, jamais perderia a oportunidade de marcar sua mente mais uma vez. De se mostrar presente. De fazê-lo o reconhecer, e principalmente, se arrepender. Todos seus propósitos giravam ao redor disso, afinal. Porque algo que sempre acreditou foi que o que aqui se faz, aqui se paga, e desta vez, faria o carma com as próprias mãos. Porque sentia pena de si mesmo. Do Nanon de dezoito anos que, cego de amor, deixou de viver a própria vida para se dedicar à alguém que já tinha mordomos ao seu dispor. Do Nanon que foi esquecido pela única pessoa que jurou jamais deixá-lo. Do Nanon que se culpou todos os dias por não ter sido interessante o suficiente para que Ohm tivesse ficado. Ou voltado. Do Nanon que fez tudo isso para chamar sua atenção, até que, quando amadureceu, percebeu que já tinha chegado longe demais. Num ponto do qual já não poderia mais voltar. Por isso, era pela persistência do garoto imaturo que foi, que não desistiria até ter tudo o que ele um dia quis. Não estava preocupado em mais nada além de curar o vazio que aquele Nanon um dia sentiu. Era por sua criança interior que mostraria o mundo do que era capaz. Era por seu coração partido que acabaria com toda a glória, honra, e todo o poder que Ohm Pawat um dia teve. Não por quê era imaturo. Mas porquê agora já estava cara a cara com seu inicial objetivo. O único motivo pelo qual começou a guerra: Destruir sua lei.

THE LAWOnde histórias criam vida. Descubra agora