ㅡ Com licença. Mantenha distância.
Disse em alto e bom som ao se espremer entre os dois bancos, mantendo os olhos firmes em Ohm.
ㅡ Estávamos só-
ㅡ Tá tudo bem. - Nanon interferiu, se levantando enquanto o fazia.
ㅡ Tem certeza? - First questionou sem sequer piscar, olhando fundo nos olhos de Ohm.
ㅡ Vem, vamos. - Korapat puxou pelo braço o homem que relutou até finalmente seguir seus passos.
ㅡ O que ele disse pra você?! Por quê deixou ele sentar do seu lado?!
ㅡ Já sou grandinho, First.
O engravatado suspirou.
ㅡ Eu sei. Desculpa...
ㅡ Preciso me aproximar dele querendo de ou não.
Enquanto refletia e se culpava pela atitude mal pensada, Kanaphan o seguia pelo salão em direção à porta de saída quando ouviu o nome do chefe ser chamado de longe.
ㅡ Nanon! - Era obviamente Ohm exclamando em alto e bom som, fazendo o dono do nome revirar os olhos e subir as escadas rapidamente, de volta para o salão.
ㅡ Ficou louco?! Eles nem iam me ver sair!
ㅡ Os fotógrafos? Então é verdade quando dizem nas notícias que você odeia eles?
ㅡ Eles não são fotógrafos, são um bando desocupados invasivos que ganham a vida perseguindo pessoas e você sabe. O que você quer?!
Pawat sorriu.
ㅡ Seu temperamento continua o mesmo...
Ao fundo, First suspirou. Nanon olhou ao redor como se fosse ajudar a recuperar a paciência perdida.
ㅡ Ainda não terminei o que queria te falar... não vou te segurar aqui por mais tempo, só queria saber se posso ter seu número.
ㅡ Não pode. Você é bloqueado.
O maior permaneceu imóvel por curtos segundos, esperando o tom brincalhão aparecer em sua feição, mas vendo que isso não aconteceria, forjou um sorriso.
ㅡ Mas você pode me desbloquear... certo?...
ㅡ Não posso. Não tenho seu número.
E lhe deu as costas mais uma vez.
ㅡ Então pegue!
ㅡ Não quero.
Respondeu rapidamente deixando o homem para trás, este que o observou com sobrancelhas franzidas até Nanon sumir através do vidro fumê. Pawat ali permaneceu até a Ferrari sumir de vista, com pensamentos confusos e um sorriso pairando sobre os lábios. Nanon sempre sucedia em deixá-lo naquele estado. Parece que não importava quanto tempo passasse, os efeitos daquele homem sobre si sempre seriam os mesmos e embora se envergonhasse em admitir, não era algo que negaria. Odiava enganar a si mesmo em relação à seus sentimentos.
Durante aqueles anos, foi introduzido e apresentado para centenas de pessoas de classes, costumes, aparências e modos diferentes, mas nunca havia se envolvido com ninguém. Sequer tinha despertado uma curiosidade, ou cogitado a ideia de um relacionamento, ao contrário da maioria das pessoas que se aproximava de si. Imensas ofertas para casamentos arranjados chegavam até si todos os meses, e rejeitava cada uma gentilmente, sem ao menos se dar o trabalho de ouví-las. "Não era o momento ideal, tinha muitas coisas para se preocupar e gostaria de ser capaz de se entregar totalmente à pessoa amada quando chegasse a hora de ter uma." Era o que havia dito em sua entrevista ao The New York Times dois meses antes, levando suas admiradoras à loucura. Ohm era comumente idealizado por pessoas ao redor do mundo, e suas atitudes dóceis em soma à palavras bem ditas e um rosto bonito era o combo perfeito para se tornar o "namorado da nação", como era chamado carinhosamente por adolescentes em vídeos nos quais aparecia juntamente de uma junção de efeitos exagerados, slow motions e músicas repetitivas. Inclusive, era um de seus passatempos: deixar as garotas loucas ao curtir edits de si próprio no TikTok, uma das empresas que havia comprado. Ou então curtir Tweets sobre seu post novo no Instagram. Não só porque era o dono de todos estes, mas porque achava uma graça a forma como o tratavam. Se sentia um príncipe. Mesmo que não entendesse por quê um CEO tinha admiradores.
Ou pior ainda, por quê os seus admiradores não se davam nada bem com os admiradores do CEO da empresa rival. Mas se divertia. Apesar das circunstâncias que o levaram até ali, Pawat apreciava a vida que levava e cada uma de suas conquistas. Era gratificante ver como seu modo de enxergar o trabalho causava, em tempo real, uma revolução mundial onde os direitos dos trabalhadores sempre viriam em primeiro lugar, afinal, "são eles que fazem tudo o que vemos existir". Frase de seu livro lançado em 2023, apenas quatro anos depois de se tornar o dono de 80% de todas as empresas do mundo. Por sua causa, constituições haviam mudado no mundo todo: três dias de descanso era o mínimo por semana para qualquer pessoa, independente do cargo, gênero, ou idade. Salários eram definidos após a soma de gastos necessários para cada particularidade de cada um dos indivíduos e então um valor bônus destinado ao lazer, de maneira que o abismo entre proletariado e chefe já não existia mais.
O mundo era governado por Ohm Pawat.
O que restava da burguesia era o nome e a tendência de ainda marcar presença em eventos irrelevantes para o entretenimento alheio. Pawat se mantia entre eles porque aprendeu desde muito novo a manter seus inimigos por perto. E assim, sem que nem percebessem, tomou de homens obcecados pelo poder tudo o que tinham de mais precioso ao simplesmente os oferecer em troca pedaços de papel impresso. O motivo era simples. Enquanto era chamado de ganancioso, Ohm trabalhava meticulosamente ao tirar, uma por uma, todas as pedras de seu caminho, se livrando daqueles que sabia que iriam contra os seus ideais de priorizar a classe baixa, os empregados. Foi assim, com uma boa lábia e uma boa quantia de papel, que persuadiu toda a indústria a entregá-lo de mãos beijadas as maiores mundiais. E era isso que precisava fazer com Korapat.
Um homem que, ao invés de se apropriar de modelos já renomados, ato comum na indústria, criou seu próprio império, bom o suficiente para se tornar um destaque em questão de anos. E poderia ser fácil tirá-lo dele como foi dos outros, se não fosse pelo pequeno detalhe de serem ex namorados. Que, convenhamos, não terminaram em boas condições.
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THE LAW
FanfictionOhm Pawat se torna o maior empresário do mundo da noite para o dia. Preso em uma vida luxuosa e indesejada, ele se vê sem saída quando se dá conta de que o amor de sua vida é seu maior inimigo. Nessa história, ser vulnerável é o maior pecado que al...