23- O fim

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Antes de iniciarem o capítulo quero deixar avisado que pode haver alguns gatilhos. Eu chorei em diversas partes porque realmente me sinto dentro da estória ao escrever, tá bem intenso... Tá bem doloroso. Se preparem.

[🐈]

As pessoas possuem cicatrizes em todos os tipos de lugares inesperados, como mapas secretos de suas histórias pessoais, diagramas de suas velhas feridas. A maior parte dos ferimentos podem sarar, deixando nada além de uma cicatriz, mas algumas não curam, algumas feridas podem caminhar com você para todos os lugares, e embora o corte não esteja mais presente há muito tempo, a dor ainda permanece.

O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas, ou velhas feridas que deveriam ter sarado anos atrás mas nunca o fizeram?

Talvez velhas feridas ensinem algo. Elas relembram onde você esteve e o que superou. Ensinam lições sobre o que evitar no futuro. É como costumam pensar. Mas não é isso que acontece, é? Algumas coisas deve-se apenas aprender de novo, e de novo, e de novo...

A vida humana é feita de escolhas. Sim ou não. Dentro ou fora. Em cima ou embaixo. E também há as escolhas que importam. Amar ou odiar. Ser um herói ou um covarde. Brigar ou se entregar. Viver. Ou morrer. Essa é a escolha importante. E nem sempre ela está nas suas mãos.

A garota de cabelos ruivos andava pelos corredores daquela mansão sentindo-se tensa. Naquela tarde, trajava um uniforme que não era seu, e sim de outra secretária do lar, estava prestes a fazer uma das coisas mais arriscada de toda sua trajetória. Porém, seus passos estavam seguros, mesmo que na realidade, encontrava-se temerosa por suas próximas ações.

De maneira cuidadosa, adentrou a sala escura e vazia, para sua sorte. Trancou a porta por dentro para que não fosse pega de surpresa. Seguiu com ainda mais pressa em direção a mesa de madeira, no entanto não havia nada que realmente estivesse procurando. Abriu todas as gavetas em busca de algo que a tirasse daquele lugar o mais depressa possível.

Ao abrir a última gaveta repleta de papéis, algo refletiu em seu fundo. Um cordão de ouro legítimo com o formato de um coração, e dentro dele havia a foto de duas mulheres se beijando e suas iniciais cravejadas de forma imponente.

M & H

A jovem garota tirou diversas fotos do objeto e o guardou novamente para que não fosse descoberta, observou que todo o escritório checando se estava da mesma maneira quando entrou, e ao perceber que sim, se retirou o mais depressa possível segurando seu celular com firmeza.

Todo o plano dependia daquelas fotos.

— Finalmente um rosto, ao nome. — sussurrou para si mesma, April seguiu em passadas largas pelo mesmo corredor, no entanto seu sorriso vitorioso sumiu quando uma mão segurou fortemente seus braços e puxou para dentro de uma sala.

— Não tão rápido, meu anjo. Quem é você e o que pensa estar fazendo em minha sala? — a jovem de cabelos ruivos prendeu sua respiração ao sentir seu braço ser apertado com força.

Handler a olhou furiosa buscando qualquer vestígio de roubo que pudesse prejudicar sua máfia ou a si mesma. Necessitava sempre manter-se atenta a todas as coisas que acontecesse ao seu redor, pois, jamais seria capaz de prever quando o pior chegaria, mas com toda certeza poderia evitá-lo.

— Se-senhora eu estava apenas limpando. — April tentou permanecer com sua fantasia de secretária do lar na tentativa de escapar o mais depressa possível daquela casa. Havia se arriscado demais.

— Não me recordo de ter contratado você. — a mafiosa russa proferiu. — Esse setor não é o seu. — disse, pois conhecia a jovem e sabia que seu trabalho era em um dos seus cartéis, e não em sua casa. Ali só ficavam as pessoas de confiança, Handler jamais gostou de seus funcionários transitando por sua intimidade, somente o necessário. E o necessário era o mínimo.

The Criminal - Meddison Onde histórias criam vida. Descubra agora