11- Coisa de alma

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Acomodei os meus olhos nos teus e o meu corpo no conforto do cômodo. Tua respiração seguiu por mim enquanto eu seguia os teus gestos. O teu jeito de sorrir me despertou o sorriso, o teu jeito de falar me fez querer dizer, que o teu jeito de ser me conquistou. Alguns minutos e ainda estamos aqui, admirando o que a presença nos permite sentir, sentindo o que parece vir de muitas vidas. 

Uma vida acabava de renascer. Era claramente uma conexão de alma. Te pertenci no instante em que se entregou para mim e ali ficamos. Não existiu o padrão de beleza e muito menos o padrão de amor, pois nos amamos da maneira mais pura, intensa e errada. Deixei o vento te levar pra longe e me deixei por aqui. Encontrei novos olhares, senti novas palpitações, esbarrei por outros corpos, mas sinto ter esquecido de desplugar a minha alma da tua.

Anos após o ocorrido aqui estamos, perdi detalhes que só encontrei em você, detalhes meus, que claramente só existiam nos meus sonhos. O tempo voou enquanto juntos, e lentamente quando estive longe. Mas cada volta sua me fez perceber o quanto eu havia crescido e o quão você havia evoluído. Me questionei a viagem toda do porquê nunca me esquecer de você, percebi na pele o arrepio do reencontro, assisti no peito o amor voltar. Voltou sem nunca ter ido.

Conexões são raras. Por isso, tomo a liberdade de lhe dar apenas um conselho: 

Se você se conectou, sentiu o mais puro amor, sentiu a intensidade de pertencer por inteiro ao outro e ao instante, mantenha essa conexão. O tempo pode estar a seu favor, mas eu não contaria com ele. Te esforça para manter a tua alma conectada.

Conexões de alma serão para sempre. Grave isto: Para sempre! 

Kau Bonnett.

Ellen Ferrir Point Of View

Abri os olhos pouco a pouco me acostumando com a claridade do sol que entrava pelas cortinas abertas do meu quarto, estava deitada em minha cama macia e encontrava-me devidamente vestida com um conjunto de moletom preto, a dor em meu corpo denunciava que noite passada não havia sido um sonho, Montgomery terminou tudo o que tínhamos e isso desencadeou sentimentos jamais imagináveis por mim.

Suspirei pesado me perguntando como tinha ido parar ali, não consigo recordar com clareza do que aconteceu após deitar nua no chão frio do meu banheiro, eram memórias vagas, turvas, difíceis de descrever, apesar de Addison feito o que fez, permaneci decidida a tentar me redimir por minha última atitude ao traí-los, não somente com ela mas com todos os outros, havia me decidido a não dar nenhuma informação a Handler, mesmo que também não soubesse de muito, seria melhor assim.

— Vejo que está melhor, já começou até a se perder em seus próprios devaneios.  — a voz sutil de Carina adentrou o quarto, a morena carregava uma bandeja de café da manhã.

Foi você... — sussurrei sentando na cama com cuidado pois minhas costas doíam.

— Sim, foi. — sorriu cúmplice deixando a bandeja na cômoda para depois sentar ao meu lado afastando os cobertores do meu corpo e segurando minha mão de maneira terna.

— Obrigada. — agradeci com a voz embargada, não mereciam minha traição, pois me acolheram tão bem, se arrependimento matasse a essa hora eu já estaria morta.

— Não precisa agradecer, minha perigosa. — disse beijando minha mão e voltando sua atenção para meus olhos. — Quer conversar sobre o que aconteceu? Não quero forçá-la mas é que às vezes falar alivia, encontrei você de uma maneira que machucou até a mim, apenas em ver. Não consigo imaginar o que estava sentindo. — respirei fundo deitando minha cabeça no ombro de Carina, não conseguiria olhá-la pois choraria como um bebê, e isso era a última coisa que eu desejava no momento.

The Criminal - Meddison Onde histórias criam vida. Descubra agora