Cômpito

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— Seguiremos os trilhos. — me coloco na frente quando todos estão discutindo qual direção seguir, percebemos que nenhum de nós é bom com direção então acho que o mais seguro a se fazer é seguir os trilhos do trem. Tenho alguma noção do que fazer depois disso, mas essa parte não falo em voz alta.

— Por mim tudo bem. — diz Beatrice e Caleb concorda balançando a cabeça. Susan está quieta e não se afasta do meu irmão nem por um segundo.

— Estão está decidido. — Tobias aponta para os trilhos e começamos a andar. Toda vez que o observo sinto um arrepio, porque ele achou que seria um bom momento falar que gosta de mim no meio de todo aquele caos.

Eu não tive reação, mas pensando melhor agora, eu deveria ter pulado em cima dele. Que raiva.

Enquanto contenho meu nervosismo, nós continuamos a caminhar. Andamos. Apenas andamos. Todos estão cansados demais pra continuar correndo, é melhor pouparmos nosso fôlego enquanto não há ninguém da Erudição atirando em nós. Tobias se equilibra sobre um dos trilhos, oscilando apenas de vez em quando, Beatrice caminha ao meu lado no mesmo ritmo que eu, Caleb e Susan conversam baixinho atrás de nós sobre árvores, eu acho.

De repente ouço um rangido baixinho vindo dos ​trilhos. Fico na ponta dos pés e não vejo nenhuma luz de trem, mas isso não significa nada. Talvez o trem esteja andando sem apitos ou faróis, para não anunciar sua chegada.

Quando se aproxima, vejo um brilho de um pequeno vagão, distante, mas se aproximando rapidamente.

— Devíamos embarcar. — sugiro.

— Mesmo se o trem estiver sendo controlado pela Erudição? — pergunta Caleb.

— Se os membros da Erudição estivessem controlando o trem, teriam-no usado para ir até o complexo da Amizade para procurar por nós — diz Tobias. — Acho que vale a pena arriscar.

Conseguiremos nos esconder na cidade. Aqui, eles vão acabar nos encontrando.

Nós nos afastamos dos trilhos. Caleb oferece instruções detalhadas a Susan sobre como embarcar em um trem em movimento, de uma maneira que só alguém que costumava pertencer à Erudição conseguiria fazer. Vejo o primeiro vagão se aproximando e ouço as batidas rítmicas do trem sobre os dormentes e o sussurro da roda de metal contra os trilhos de metal.

Quando o primeiro vagão passa na minha frente, começo a correr. Caleb ajuda Susan a subir em um dos vagões do meio, depois embarca também. Beatrice vai depois com certa dificuldade, está cansada. Solto um suspiro e me lanço para dentro do vagão, Caleb agarra o meu braço esquerdo e me puxa mais para dentro. Tobias usa uma maçaneta para alçar o corpo para dentro depois de mim.

Olho para cima e me surpreendo. Olhos brilham na escuridão. Há formas escuras dentro do vagão, mais numerosas que nós.

Os sem-facção.

O vento uiva dentro do vagão. Todos estão de pé e armados, exceto eu e Susan, que não temos armas. Um homem sem-facção com um tapa-olho aponta uma arma para ​Tobias. Eu sei muito bem de onde essa arma veio. Engulo em seco.  A seu lado, uma mulher mais velha segura uma faca de cortar pão. Atrás dele, outra pessoa segura uma tábua com um prego saindo da ponta.

— Nunca vi pessoas da Amizade armadas — diz a mulher sem-facção que está segurando a faca.
O homem com a arma me parece familiar. Ele está vestido com roupas esfarrapadas de cores diferentes: uma camiseta preta sob uma jaqueta rasgada da Abnegação, uma calça jeans com costura vermelha e botas marrons. Há roupas de todas as facções representadas diante de nós: calças pretas da Franqueza usadas com camisas pretas da Audácia, vestidos amarelos sob casacos azuis. A maioria das peças de roupas está rasgada ou manchada de alguma maneira, mas algumas não. Imagino que elas tenham sido roubadas recentemente.

Insurreto (2- Insurgente) Onde histórias criam vida. Descubra agora