Insurreto (2- Insurgente)

Veracidade

Alguns membros da Audácia entram enquanto nos levantamos, Beatrice os olha assustada com alguém chamando seu nome. Christina abre caminho entre os outros e a abraça com força. Seus dedos cravam na ferida do seu  ombro, e Beatrice solta um grito.

— Levei um tiro. Ombro. Ai.

— Meu Deus! — ela solta minha irmã. — Desculpe, Tris.

Antes que lamente que também queria ver alguém conhecido, Shauna passa pelo grupo dos Audaciosos pedindo licença, meu coração gela e eu vou em sua direção a abraçando de imediato. Fecho os olhos e a aperto.

— Oi, eu senti tanto a sua falta. Eu cheguei a pensar que você... — confesso baixinho, agradecendo aos céus por ela estar bem. Ela segura em meus ombros e se afasta analisando meu rosto.

— Fico muito feliz que você está bem! Quando soube que você e Quatro que tinham acabado com a simulação foi um alívio. Queria saber se estavam bem.

— Oi para você também, Shauna. — Tobias diz se aproximando e Shauna o abraça sorrindo.

Apesar dos sorrisos e alívios, não somos mais os mesmos vimos e fizemos coisas que nos mudaram. Shauna sorri de forma forçada e eu quero perguntar sobre Tori, Zeke, sobre Uriah, Marlene, Lynn e o restante da sua família, mas acho que agora não é o momento.

Enquanto somos levados pelo grupo de Audaciosos, Cristina revela que Will morreu e ouço Beatrice mentir dizendo que o viu nos monitores e que já sabia do acontecido. Ela me olha desconfiada e Tobias percebe a mentira, obviamente. Tris não entrou na sala dos monitores comigo.

Entro no elevador sentindo a mão de Tobias em minhas costas, me deixando mais tranquila.

— Não se preocupe com o soro da verdade — diz Christina. — É fácil. Você mal sabe o que está acontecendo quando está sob o efeito dele. Você só sabe o que falou quando o efeito passa. Eles me colocaram sob o efeito do soro quando eu era criança. É algo bastante comum na Franqueza.

Os outros membros da Audácia dentro do elevador trocam olhares. Em uma situação normal, alguém provavelmente a repreenderia por discutir fatos da sua antiga facção, mas não estamos em uma situação normal. Não haverá nenhum outro momento da vida de Christina no qual ela se encontrará
acompanhando a sua melhor amiga, acusada de traição, a um interrogatório público.

— Droga. — resmungo baixinho engolindo em seco. Eu não vou saber controlar meus pensamentos.

— Calma, Becky. — diz Shauna segurando minha mão. — Vai ficar tudo bem.

— O restante das pessoas está bem? — Beatrice pergunta para Christina e me animo porque não estava com coragem de perguntar sobre as pessoas que conheço. — Uriah, Lynn, Marlene?

— Estão todos aqui. Menos Zeke, irmão de Uriah, e Tori a tatuadora que ficou com os outros membros da Audácia.

— O que? — digo e as duas olham para mim, o aperto de Tobias em minhas costas se torna mais firme.

Olho para a tatuagem em meu pulso.

Zeke e Tori traidores?
Não acredito. Eles jamais fariam isso. Eu os conheço.
São corajosos, audaciosos, se sacrificariam pelos amigos.

— Eu sei. Ninguém imaginava que isso pudesse acontecer.

— Ah, Shauna. — decido dizer, ela me olha triste. — Eu sinto muito.

— Também sinto. — diz olhando para a porta do elevador. — Ele não soube lidar com tudo o que aconteceu. As coisas nunca mais serão as mesmas.

Não acredito na resposta de Shauna. Ela sabe de algo, mas deixo para lá.