Os exames começaram. Não relutei, não fiz nada. Apenas deixei que me analisassem. Acho que estou aceitando tranquilamente o que virá depois disso tudo, mesmo que a saudade que estou sentindo daqueles que amo seja dolorosa. Estou firme.
Jeanine não me queria, isso é compreensível, pois quem é a espertalhona é Beatrice, não eu. Eu não tive aptidão para a Erudição. Beatrice sim.
Estou deitada no chão olhando para cima, pensando em todas as maneiras que poderia matar Jeanine Matthews e impressionada comigo mesma por não sentir remorso algum, eu matei Eric e me sinto bem com isso. Seus olhos desesperados me encararam, suplicando por redenção.
Alguém abre a porta.
— Venha comigo, Careta.
— Sabe muito bem que não sou careta. — não me movo, Peter solta um suspiro de raiva.
— Venha comigo. — ele aparece no meu campo de visão me oferecendo sua mão. — Vem logo.
Pego sua mão e ele me puxa. Sorrio ao ver sua cara de irritado.
— E o seu braço? — pergunto.
— Está curado, vai ter que arranjar outra fraqueza para explorar. Pena que eu não tenho mais nenhuma. — Ele agarra o meu braço e caminha mais rápido, puxando-me. — Estamos atrasados.
Apesar da extensão e do vazio do corredor, nossos passos não ecoam muito. Parece que alguém cobriu os meus ouvidos com as mãos e eu só percebi agora. Tento memorizar os corredores pelos quais passamos, mas perco a conta depois de um tempo. Alcançamos o final de um deles e viramos à esquerda, entrando em uma sala escura que me lembra um aquário. Uma das paredes é coberta por um espelho unidirecional. Ele reflete o meu lado, mas tenho certeza de que é transparente do outro.
Há uma grande máquina no outro lado da sala, com uma bandeja do tamanho de uma pessoa saindo dela. Eu a reconheço do meu livro didático sobre história das facções, da unidade sobre Erudição e medicina. É uma máquina de ressonância magnética. Ela tirará fotos do meu cérebro.
Algo acende dentro de mim. Faz tanto tempo que não sinto isso que quase não reconheço o sentimento. É curiosidade.
Uma voz, a voz de Jeanine, fala no sistema de intercomunicação:
— Deite-se, Rebecca
Olho para a bandeja que vai me levar para dentro da máquina.
— Não.
Ela suspira.
— Se não se deitar por conta própria, temos maneiras de obrigá-la.
Dou risada ao olhar para Peter.
— Ele que vai me obrigar? — pergunto.
— Colabore, Rebecca. — pede sem paciência.
— Vamos fazer um acordo. Se eu cooperar, você me deixa ver o exame.
— Você vai cooperar, querendo ou não.
Levanto um dedo.
— Isso não é verdade.
Olho para o espelho. Não me reconheço, cabelos desgrenhados, pele ressecada... Desvio o olhar antes que tenha um colapso nervoso.
— Quero ver as imagens do exame. Você vai me matar de qualquer jeito, então o que importa o que eu ficar sabendo ou não sobre o meu cérebro antes disso?
Silêncio.
— Por que você quer tanto ver as imagens?
— Porque o cérebro é meu e eu quero olhar! — digo fingindo impaciência, sei que não estou ganhando nada ao implicar com Jeanine, mas é bom me divertir um pouquinho. Ela já me acha infantil, espero que me subestime, que não desconfie que posso acabar com ela.
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Insurreto (2- Insurgente)
FanficBecky sofreu perdas irreparáveis, agora enfrentará novos problemas enquanto tenta salvar quem ficou, prometendo vingança a quem arruinou sua vida. Tudo isso enquanto lida com questões sobre mágoa, perdão e amor.