Finamento

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— Temos que ir! — acordo com Tobias sacudindo meus ombros.

— O que? — pergunto tentando entender.

— Vem. — Sento-me na cama e jogo os braços ao redor dele, encostando o rosto em seu pescoço. Seus braços me envolvem e me apertam. Uma sensação de calor e conforto atravessa meu corpo. Se ele está aqui, estou segura. Minhas lágrimas tornam sua pele escorregadia.

Ele se levanta e me puxa para cima, e isso faz meu ombro pulsar de dor.

— Reforços chegarão em breve. Vamos.

Conseguimos descer o primeiro corredor sem dificuldade, mas, no segundo, encontramos dois guardas da Audácia, um homem jovem e uma mulher de meia-idade. Tobias dispara duas vezes em poucos segundos e acerta os dois tiros, um na cabeça e outro no peito. A mulher, que recebeu o tiro no peito, desaba contra a parede, mas não morre.

A mão de Tobias, agarrada à minha, nunca fraqueja. Passamos por cima de corpos caídos, provavelmente as pessoas que Tobias matou quando foi me buscar, e finalmente alcançamos a saída de incêndio.

Tobias larga a minha mão para poder abrir a porta, e o alarme de incêndio zune em meus ouvidos, mas continuamos correndo. Estou arfando, sem ar, mas não me importo, porque estou quase escapando, e este inferno está quase acabando. Minha visão começa a escurecer nas extremidades, então agarro o braço de Tobias com força, confiando nele para guiar-me com segurança até o final da escada.

Os degraus acabam sob meus pés e abro os olhos. Tobias está prestes a abrir a porta de saída, mas eu o seguro.

— Preciso... recuperar o fôlego...

Ele para, e eu apoio as mãos nos joelhos, inclinando o corpo para a frente. Meu corpo todo dói. Tobias segura minha mão com força, fazendo meu ombro machucado doer novamente, franzo o cenho para ele.

— Vem, vamos sair daqui logo – diz ele, ​insistentemente.

Meu estômago afunda. Encaro seus olhos. Eles são tão escuros, sempre acho que posso me perder neles e realmente me perco. Seguro seu queixo e puxo seus lábios para os meus, beijando-o lentamente e suspirando ao me afastar.

— Não podemos sair daqui — digo —, é uma simulação.

— O quê? — pergunta ele, irritado. — Você não acha que eu saberia se estivesse sob o efeito de uma simulação?

— Você não está sob o efeito de uma simulação. Você é a simulação.

Olho para cima e falo, em voz alta:

— Você terá que se esforçar mais do que isso, filha da puta. — começo a rir.

Tudo o que preciso fazer agora é acordar e sei como fazer isso. Tiro uma faca do bolso, uma faca que não estava lá antes, e desejo que meu peito seja igual aço. Tento cravar a faca em meu peito, na direção do meu coração, mas a lâmina ​dobra.

Acordo com o grito de frustração de Jeanine.

— O que é? — Ela agarra a arma da mão de Peter e cruza a sala rapidamente, encostando o cano na minha cabeça. Meu corpo enrijece e fica frio. Ela não atirará em mim. Sou um problema que ela não consegue resolver. Ela não atirará em mim. — O que é que revela para você que se trata de uma
simulação? Fale. Fale ou eu mato você.

Levanto-me vagarosamente da cadeira e fico em pé, pressionando a minha pele ainda mais contra o cano da arma.

— Você é burra? — pergunto querendo rir. — Acha mesmo que irei contar para você? Vou morrer de qualquer forma, então se me matar agora será ótimo para mim. Vai, me mata, vadia!

Insurreto (2- Insurgente) Onde histórias criam vida. Descubra agora