Eu nunca gostei de arrumar minha própria casa, e agora me encontro varrendo cacos de vidro das janelas de uma facção que não pertenço, que foram quebradas pelos imbecis dos traidores.
Como se não tivesse bastado todo o meu esforço daquele dia, e ainda estou com dor... Droga, me pergunto o porquê de ter insistido em dizer que estava bem... E o pior, me pergunto o porquê de estar ajudando a limpar a porra desse Complexo.
Alguém toca meu ombro com a mão, e eu me afasto instintivamente dela. Mas é apenas uma menina da Franqueza, uma criança. Ela me encara com olhos arregalados.
— Você está bem? — pergunta ela, com a voz aguda e indistinta.
— Estou — respondo. Ríspida demais. Tento consertar meu tom rapidamente.
— Acho que você está mentindo.
Noto um curativo saindo de debaixo da manga da sua camiseta, provavelmente cobrindo o furo da agulha. A ideia desta garotinha sob o efeito de uma simulação me dá náuseas. Não consigo nem olhar para ela.
— É, linguaruda, vai arranjar o que fazer. — digo e viro o rosto ficando mal por isso.
De repente, vejo algo: do lado de fora, um traidor da Audácia sustentando uma mulher, que está com a perna sangrando. Vejo as mechas cinzentas no cabelo da mulher, a ponta do nariz curvado do homem e as braçadeiras azuis usadas pelos traidores da Audácia logo abaixo de seus ombros e reconheço os dois.
Tori e Zeke.
Tori está tentando andar, mas arrasta uma das pernas inutilmente. Uma mancha molhada e escura cobre a maior parte da sua coxa.
Os membros da Franqueza param de varrer para encará-los. Os guardas da Audácia posicionados ao lado dos elevadores correm até a entrada com suas armas apontadas. As outras pessoas que estavam fazendo a faxina afastam-se para fugir da confusão, mas eu fico parada onde estou, com o calor correndo pelo meu corpo, enquanto Zeke e Tori se aproximam.
— Eles não estão armados? — pergunta alguém.
— Cala a merda dessa boca. Ela está machucada! — digo, começando a andar.
Tori e Zeke alcançam o que costumavam ser as portas, e ele levanta uma das mãos quando vê a fileira de soldados armados da Audácia. Mantém a outra mão ao redor da cintura de Tori.
— Ela precisa de assistência médica — avisa Zeke. — Agora.
— Por que deveríamos oferecer assistência médica a uma traidora? — pergunta um homem da Audácia com cabelo loiro e ralo e dois piercings no lábio, enquanto aponta a arma para eles. Há uma mancha azul em seu braço.
Tori solta um gemido e me espremo entre dois membros da Audácia os empurrando para ajudá- la. Ela apoia a mão, coberta de sangue, na minha. Zeke a coloca no chão, soltando um grunhido.
— Becky. — diz ela, com uma voz confusa.
— Oi, eu estou aqui. Vai ficar tudo bem. — a deito em meu colo e mexo em seus cabelos.
— Onde esteve? — sussurra.
— Amizade, quase fomos mortos e depois ficamos com os sem-facção... É acho que temos muito o que conversar.
— Não consigo te imaginar na Amizade. — começa a rir e eu peço para se acalmar, seu rosto está tão pálido.
— É melhor afastar-se, Becky. — adverte o homem loiro da Audácia, ele fez parte da minha iniciação, Scott, um chato.
— Não — digo. — Abaixe a arma.
— Eu disse que os Divergentes são loucos — murmura outro membro armado da Audácia para a mulher ao seu lado.
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Insurreto (2- Insurgente)
Fiksi PenggemarBecky sofreu perdas irreparáveis, agora enfrentará novos problemas enquanto tenta salvar quem ficou, prometendo vingança a quem arruinou sua vida. Tudo isso enquanto lida com questões sobre mágoa, perdão e amor.